Adaptação à escassez de água deve se tornar um desafio para a França
A França vai ter dificuldades em se adaptar à falta de água que deve se tornar recorrente nos próximos anos. Este é o tema da reportagem especial da revista Le Point desta semana. O país atravessa a pior seca dos últimos 50 anos e muitos municípios já começaram a restringir o uso dos recursos hídricos, antes mesmo da chegada do verão no país, que começa em junho.
A França vai ter dificuldades em se adaptar à falta de água que deve se tornar recorrente nos próximos anos. Este é o tema da reportagem especial da revista Le Point desta semana. O país atravessa a pior seca dos últimos 50 anos e muitos municípios já começaram a restringir o uso dos recursos hídricos, antes mesmo da chegada do verão no país, que começa em junho.
Os 1,5 mil agricultores da região de Rodes, nos Pireneus Orientais, no sul da França, dependem da água do rio Têt e de seus 2,4 mil km de canais. Este ano, o número de precipitações caiu pela metade, fazendo com que a vazão seja quatro vezes menor do que o normal, levando os agricultores a temer que as terras agrícolas da região desapareçam.
As autoridades se questionam sobre como preservar o futuro da agricultura: reusando as águas da cidade de Perpinhã, em lugar de jogá-las no mar? Infiltrar de maneira artificial água nos lençóis freáticos? Construir outras represas para estocar o recurso em épocas de cheia do rio?
A situação vivida na região, de acordo com a revista, é emblemática do que a França terá que enfrentar nos próximos anos para preservar a água, distribuí-la sem afundar a economia e mantendo sua biodiversidade.
Porque a rapidez das mudanças climáticas - de que os franceses tomaram consciência de maneira brusca no verão de 2022, um dos mais quentes da história - vai exigir que decisões sejam tomadas e muito "sangue frio", afirma Le Point.
A França, considerada um país privilegiado dentro da Europa em termos de recursos hídricos, deve conhecer um aquecimento mais rápido do que a média global, estima a climatologista Françoise Vimeux, diretora de pesquisa do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, entrevistada pela publicação. Esta situação conduz a um aquecimento de 3,8°C no país até o fim do século.
O país deve se preparar para assegurar o acesso à água potável e garantir a segurança alimentar em um contexto em que as precipitações serão mais raras, com períodos de seca mais longos, com a vasão dos rios que deve diminuir de 20% a 30% até 2050.
Soluções
Para os especialistas entrevistados, a solução é aprender com a experiência de outros países e, sobretudo, aceitar produzir com menos.
Mas a revista francesa defende que não há motivo para pânico, já que a França tem recursos suficientes para se adaptar e compensar o atraso em matéria de gestão de água.
De acordo com Le Point, esse atraso se explica por uma política de administração complexa e incoerente, que envolve diversos atores: ministérios, estabelecimentos públicos, institutos de pesquisa, entre outros. Além disso, a legislação também impede a construção de novas represas para estocar a água, em nome da preservação dos rios e da biodiversidade.
Uma das prioridades deve ser o investimento em culturas mais resilientes e a diversificação de plantações, para compensar as perdas de uma espécie com outras.
O governo francês deve apresentar nos próximos dias um plano sobre a água, com aproximadamente 50 medidas destinadas a responder à emergência imposta pela seca, tendo em vista a proximidade do verão e também os desafios impostos pela seca a longo prazo.
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