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Gripe aviária aumenta na França; Brasil decreta 'emergência zoosanitária' após primeiros casos

23/05/2023 06h36

A gripe aviária, que reapareceu no sudoeste da França no início de maio, continua a acelerar sua progressão no país com mais de 50 surtos registrados em granjas, em particular no Gers, uma importante região de produção de foie gras. As informações foram divulgadas pela Câmara de Agricultura francesa nesta segunda-feira (22). Enquanto isso, no Brasil, o governo decretou "emergência zoosanitária" após detectar os primeiros casos em aves selvagens.

"Estamos administrando uma grande crise, um verdadeiro incêndio viral", declarou Bernard Malabirade, presidente da Câmara de Agricultura do Gers, onde foram contabilizados 41 focos de gripe aviária.

Na região vizinha de Landes também foram detectados 16 focos, de acordo com um comunicado de imprensa da prefeitura publicado na noite de segunda-feira, que especifica que "mais de 250 mil animais já foram sacrificados".

O sindicato agrícola Modef informou que um total de 900 mil animais foram abatidos em três departamentos do sudoeste da França desde o início de maio, o que torna a situação "uma grande crise, e não apenas um ressurgimento do vírus", aponta Christophe Mesplède, vice-presidente do sindicato nos Landes.

As contaminações diminuíram em março e abril, antes de recomeçarem muito mais cedo do que o habitual.

A chegada dos patinhos às granjas deve ocorrer em junho, e os criadores já estão preocupados com a produção de fim de ano, época de grande consumo de foies gras na França, fundamental para manter a economia do setor.

"O Natal será decidido agora. Se a crise persistir, estamos mortos", sublinha Mélanie Martin, presidente da Modef.

Durante a epidemia que aconteceu entre o final de 2022 e começo de 2023, 6 milhões de aves foram abatidas na França, de acordo com o Ministério da Agricultura, após o abate de 22 milhões de aves entre 2021 e 2022.

Emergência no Brasil

No Brasil, o Ministério da Agricultura decretou "emergência zoosanitária" em todo o país após a descoberta de novos casos de gripe aviária em pássaros selvagens.

A medida, que ficará em vigor durante 180 dias, tem o objetivo de "impedir que [a doença] atinga a produção de aves para fins de subsistência e comerciais, e também preservar a fauna e a flora selvagens e a saúde humana" e "permite mobilizar recursos" para prevenir a propagação do vírus, declarou o Ministério em um comunicado. A proibição de feiras, concursos e exposições de aves, já em vigor no país, também foi prolongada.

As autoridades brasileiras anunciaram na segunda-feira ter detectado três novos casos, elevando para oito o total de contaminações desde o começo de maio, todos em pássaros selvagens (sete no Espírito Santo e um no Rio de Janeiro).

O Brasil é o primeiro exportador mundial de carne de frango, com 35% do mercado mundial, de acordo com dados do Ministério da Agricultura em 2022.

A gripe aviária provoca uma forte mortalidade nas aves, tanto selvagens quanto de criação. A transmissão para o ser humano é rara e acontece geralmente por contato muito próximo com aves infectadas.

(Com informações da AFP)