'Jogaram granada no bunker e atiraram', diz jovem atacada por Hamas em rave
Ao menos 250 pessoas morreram no sábado (7) no festival Universo Paralello, uma rave realizada perto da Faixa de Gaza, no primeiro dia do ataque do Hamas contra Israel. A RFI conversou com uma sobrevivente.
Ao menos 250 pessoas morreram no sábado (7) no festival Universo Paralello, uma rave realizada perto da Faixa de Gaza, no primeiro dia do ataque do Hamas contra Israel - que já deixou mais de 1,2 mil mortos.
Nas redes sociais, vídeos mostram o início do ataque. Jovens dançavam quando mísseis começavam a se aproximar do local da festa, onde se apresentaria Juarez Petrillo, pai do DJ brasileiro Alok. A rave foi realizada no deserto de Negev, no sul de Israel.
No início, os frequentadores não faziam a menor ideia de que se tratava de um atentado. Após as primeiras explosões, a multidão tentou fugir, alguns de carro e outros a pé. Muitos se abrigaram em bunkers na região, mas foram perseguidos. Vários abandonaram seus veículos na estrada nos arredores do evento.
Falsos soldados israelenses
A israelense Tal George conversou contou ao correspondente da RFI na região, Sami Boukhelifa, que se escondeu em um dos abrigos atacados pelo Hamas.
"Eu me refugiei com cerca de 70 pessoas em um bunker minúsculo, estávamos uns grudados nos outros. Os terroristas chegaram e nos disseram para não nos preocuparmos, fingiram ser soldados israelenses. Depois jogaram uma granada dentro e atiraram contra nós", diz.
O namorado de Tal morreu no ataque. "Ele saiu do abrigo para saber o que acontecia e foi ferido com um tiro no pé. No mesmo momento, uma moça foi atingida e caiu, ela se contorcia no chão. Ela pediu ajuda e ele foi socorrê-la. Em seguida, outra granada foi lançada e meu namorado e a moça não sobreviveram", conta.
Moti Bukjin, porta-voz da ONG Zaka, trabalha na identificação das vítimas e conta ter visto cinco caminhões carregando cada um cerca de 50 corpos.
"Eles massacraram as pessoas a sangue-frio de uma maneira absolutamente inconcebível", lamenta.
Além dos cerca de 250 mortos, muitos frequentadores do evento teriam sido feitos reféns. Do evento participavam jovens de diversas nacionalidades, entre eles, brasileiros.
Três brasileiros desaparecidos
Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, ao menos três brasileiros que estavam no festival estão desaparecidos. Seus nomes não foram divulgados, mas todos têm dupla nacionalidade.
O DJ Alok indicou nas redes sociais no domingo (8) que o pai está em um abrigo antibombas em Israel. "Ele está seguro em um bunker aguardando instruções para retornar ao Brasil", escreveu o goiano.
O artista também esclareceu que o evento não foi realizado por Juarez Petrillo. "O meu pai foi CONTRATADO a se apresentar em um evento que licenciou os direitos de uso do nome do festival, como já aconteceu em diversos outros países. (...) O produtor israelense licenciou o uso da marca e produziu o evento por conta própria, sendo o meu pai uma das atrações", esclareceu.
A Força Aérea Brasileira realiza uma operação para a repatriação de brasileiros que estão em Israel ou nos Territórios Palestinos. Segundo o comandante da Aeronáutica, o brigadeiro Marcelo Damasceno, a coordenação da operação ocorre em conjunto com as embaixadas do Brasil na região.
O Itamaraty está fechando detalhes da primeira lista de pessoas que serão trazidas de volta ao país. Entre a manhã de sábado e a tarde de domingo, mais de mil pessoas, principalmente turistas, procuraram embaixadas do Brasil na região com interesse em retornar junto com familiares ou amigos.