Um milhão de credenciados para JO Paris 2024 passam por investigação prévia de segurança
Um milhão de pessoas, entre atletas, treinadores, voluntários ou simples moradores que participarão dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Paris 2024 estão sujeitos a uma investigação prévia de segurança. Com total discrição, investigadores- analistas vêm examinando, há meses centenas de milhares de pedidos de credenciamento provenientes do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos (Cojo) e das prefeituras envolvidas neste grande evento esportivo.
O objetivo é garantir que quem solicita autorização para os Jogos não constitua um risco para a segurança do evento, num contexto de ameaça terrorista "muito elevada" na França. "Não pode haver qualquer emissão de credenciamento pelo Cojo até que saia um resultado de investigação de segurança (...), e isso vale realmente para qualquer um, exceto para os espectadores", explica Julien Dufour, chefe do Serviço Nacional de Investigações de Segurança Administrativa (Sneas).
No topo da lista de credenciados estão 10,5 mil atletas selecionados para os Jogos Olímpicos, (de 26 de julho a 11 de agosto), 4,4 mil para os Jogos Paralímpicos (de 28 de agosto a 8 de setembro), suas equipes (técnicos, treinadores, etc.) além de 26.000 jornalistas.
A medida vale também para 22 mil agentes de segurança privada e 45 mil voluntários, embora nem todos estejam sujeitos a rastreio de segurança, obrigatório apenas para quem tem acesso a áreas protegidas. "Podemos imaginar que haverá investigações sobre pessoas que vivem em uma determinada área", especifica o chefe do Sneas.
Para cumprir essa tarefa, o serviço baseia-se legalmente no artigo L211-11-1 do código de segurança interna relativo a grandes eventos, de 2017, e da lei de 19 de maio de 2023 relativa aos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Paris 2024.
A primeira fase do procedimento de investigação administrativa de segurança envolve a triagem, ou seja, a consulta dos diversos arquivos policiais e de inteligência (nacionais ou supranacionais). Se não surgir nenhum risco de segurança, o Sneas emite um parecer sem objeções, o que equivale a uma luz verde.
Se o nome da pessoa constar de um desses arquivos, um investigador-analista avalia se os fatos que deram origem a esse registro são suscetíveis de representar uma ameaça no contexto de sua missão durante os Jogos Olímpicos.
Assim, explica Julien Dufour, uma pessoa conhecida por ter dirigido sob efeito de álcool poderia ser autorizada a "intervir para reparar um dispositivo num local sensível", cita. "Por outro lado, seria um impeditivo se a pessoa tivesse que dirigir um ônibus", argumenta.
Dependendo da avaliação, o Sneas pode emitir um parecer de incompatibilidade - "justificado", insiste Julien Dufour - e o pedido de credenciamento deve então ser recusado. "Somos contra a arbitrariedade. É uma questão de elementos materiais concretos", comenta o chefe do serviço de investigação.
A estimativa é de que um milhão de investigações sejam realizadas apenas para os Jogos Olímpicos (incluindo para os participantes do revezamento da chama olímpica).
O modo de operação é o mesmo seguido para outros eventos públicos. Em 2022, o Sneas realizou 500.000 investigações e 700.000 em 2023, no âmbito de suas missões, desde condutores de transportes públicos, até acessos a zonas aeroportuárias, incluindo a prova das 24 Horas de Le Mans ou o Campeonato do Mundo de Rugby. "Realizamos pouco mais de 100 mil investigações durante a Copa do Mundo de Rugby. Quanto ao número de notificações de incompatibilidade, permita-me não dar essa informação", pede Julien Dufour, que conta com um total de 2 milhões de investigações em 2024 (Olimpíadas e missões regulares).
Cada país é responsável
As investigações de segurança para os Jogos Olímpicos não são específicas da França.
Como lembrou à AFP o porta-voz do Comitê Olímpico Internacional (COI), "as medidas de segurança dos Jogos Olímpicos são da responsabilidade das autoridades locais e são implementadas de acordo com o contexto de cada edição".
Foi o que aconteceu na Rio 2016, conforme afirmou uma fonte brasileira à AFP. Para os Jogos de Londres de 2012, o Ministério do Interior (equivalente britânico ao Ministério do Interior) realizou cerca de 500 mil investigações que resultaram em 100 recusas, segundo o diário The Guardian.
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