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7 meses

México rompe relações diplomáticas com Equador após invasão de embaixada

06/04/2024 07h26Atualizada em 06/04/2024 10h01

O México rompeu relações diplomáticas com o Equador na noite de sexta-feira (5), depois que policiais e militares equatorianos entraram na embaixada mexicana no norte de Quito para prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, visado por uma ordem de prisão por suspeita de corrupção.

O México rompeu relações diplomáticas com o Equador na noite de sexta-feira (5), depois que policiais e militares equatorianos entraram na embaixada mexicana no norte de Quito para prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, visado por uma ordem de prisão por suspeita de corrupção.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, descreveu a intervenção na sede diplomática como "uma flagrante violação do direito internacional e da soberania do México". O governo mexicano tinha concedido asilo político ao ex-vice presidente equatoriano na sexta-feira, em represália a uma ordem de expulsão, na véspera, da embaixadora mexicana em Quito, Raquel Serur.

Mas segundo declaração do Ministério das Comunicações do Equador, "nenhum criminoso pode ser considerado como uma pessoa que sofre perseguição política".

Jorge Glas foi levado ao tribunal de primeira instância da capital andina, onde se observou uma forte presença militar.

'Ambiente contaminado'

A crise diplomática teve início na quarta-feira (3), quando López Obrador levantou um paralelo entre a violência que marcou a campanha presidencial equatoriana de 2023, durante a qual o candidato Fernando Villavicencio foi assassinado, e a criminalidade registrada no México antes das próximas eleições de 2 de junho.

Segundo o dirigente mexicano, o crime de Villavicencio criou um "ambiente contaminado de violência" que, somado à "manipulação" por parte de alguns meios de comunicação, provocou a queda nas pesquisas da candidata de esquerda Luisa González e a ascensão de Noboa, que foi o ganhador.

Duro crítico do ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), Villavicencio era conhecido por suas denúncias sobre o fortalecimento do narcotráfico à sombra do poder.

O governo de Noboa considera que os comentários do presidente mexicano "ofendem o Estado equatoriano", pois o país ainda está de "luto". Sete pessoas detidas pelo assassinato de Villavicencio foram mortas na prisão.

López Obrador advertiu que o México pode vivenciar uma situação similar à do Equador na atual campanha eleitoral. A candidata da situação, Claudia Sheinbaum, lidera confortavelmente as pesquisas, à frente dos candidatos de centro-direita, Xóchitl Gálvez, e centro, Jorge Álvarez Máynez.

Desde outubro, quando começou o processo para as eleições de junho, foram assassinados no México ao menos 15 pessoas entre candidatos e pré-candidatos a cargos regionais, segundo o governo.

A consultoria Integralia garante que, desde 1º de setembro, 23 candidatos foram assassinados neste país assolado pela violência dos cartéis do narcotráfico.

Defesa do asilo

Jorge Glas, que foi vice-presidente do socialista Rafael Correa, cumpriu pena pelo escândalo de propinas da Odebrecht, mas enfrenta outro mandado de prisão por supostamente desviar fundos destinados a trabalhos de reconstrução após um terremoto em 2016.

O ex-vice-presidente e o próprio Correa afirmam que se trata de uma perseguição política. Correa, que ainda é bastante popular em seu país, foi condenado a oito anos de prisão por corrupção e inabilitado politicamente. Ele vive exilado na Bélgica, país de origem de sua esposa.

O México já havia rejeitado uma solicitação do Equador para permitir a captura de Glas na embaixada.

Nesta sexta, López Obrador fez uma defesa ferrenha da instituição do asilo no México, apontando que, no passado, salvou a vida de muitos latino-americanos perseguidos por ditaduras. Nos últimos anos, o país concedeu asilo ou refúgio a vários ex-colaboradores de Correa.

Com informações da AFP

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