Macron pede que Israel "evite violência" após ataque do Irã e vai solicitar uma "trégua olímpica"

Em entrevista ao canal de TV BFM e à rádio francesa RMC, nesta segunda-feira (15), o presidente francês, Emmanuel Macron, pediu ao governo israelense que "evite a escalada" da violência no Oriente Médio, mas disse que também considera o ataque iraniano "desproporcional".

Para Macron, convidado para falar sobre a organização dos Jogos Olímpicos, que começam em 26 de julho, o ataque iraniano gera "uma mudança e uma ruptura profundas", além de criar um precedente "que pode ser perigoso e gerar reações". Segundo o presidente francês, a reação de Israel deveria ser de "isolar o Irã". 

Teerã lançou mais de 300 mísseis e drones contra Israel no sábado(14) em resposta a um bombardeio que destruiu o consulado iraniano em Damasco no dia 1º de abril. O Irã acusou Israel por esse ataque.

"Em vez de tentar atingir os interesses israelenses fora de Israel, os iranianos provocaram Israel dentro de seu território, o que é uma novidade", analisou o presidente francês.

"Devemos evitar ultrapassar certos limites. É óbvio que a situação, hoje, é muito grave", continuou, referindo-se a um "risco de conflito regional", que é ainda maior em meio à guerra entre o Hamas e Israel na Faixa de Gaza. "É por isso que pedimos um cessar-fogo em Gaza e queremos que as operações humanitárias sejam retomadas para proteger a população civil que não tem nada a ver com o Hamas", disse Macron.

Interceptação de mísseis

A França também anunciou que interceptou mísseis e drones iranianos contra Israel na noite de sábado para domingo (14) a pedido da Jordânia. "Temos uma base aérea na Jordânia. O espaço aéreo jordaniano foi violado. Tiramos nossos aviões do chão e interceptamos o que era necessário", explicou Macron. 

O melhor caminho, afirmou o chefe de Estado francês, deveria ser "conseguir convencer os países da região de que o Irã é um perigo, aumentando as sanções, a pressão sobre as atividades nucleares e encontrando um caminho para a paz na região".  

A França, frisou, "conversa com todos os países da região. Estamos tentando ser uma potência mediadora", acrescentou. Ele disse que conversará com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ainda hoje. Mas completou que são "os americanos que devem desempenhar o papel mais importante para conter o Irã".

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Os aeroportos do país, incluindo os dois de Teerã, retomaram as operações nesta segunda-feira. Elas haviam sido suspensas ou interrompidas após o ataque iraniano a Israel, de acordo com a agência oficial de notícias Irna.

A situação também se normalizou nos aeroportos das cidades de Tabriz, no noroeste, Mashhad, no nordeste, e Shiraz, no sul. 

O Irã fechou os aeroportos por precaução após o ataque contra o território israelense. Antes da ofensiva, algumas companhias aéreas, como a alemã Lufthansa, já haviam decidido interromper os voos para o Irã. Outras empresas também decidiram suspender os voos para o país.

Trégua olímpica

Macron também anunciou que a França vai tentar obter uma "trégua olímpica" nos conflitos internacionais durante as Olimpíadas de Paris. "Vamos fazer tudo o que pudermos para obter uma pausa olímpica. Vamos trabalhar nisso", disse o chefe de Estado referindo-se à ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, à guerra na Ucrânia e ao conflito no Sudão.  

"Esta é uma oportunidade em que tentarei envolver muitos dos nossos parceiros. O presidente chinês virá a Paris dentro de algumas semanas e vou pedir que ele ajude", antecipou Macron.  

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"Os Jogos são também um momento diplomático, um momento de paz, disse Macron em visita ao Grand Palais, que está em construção desde 2021 e deverá acolher vários eventos dos Jogos Olímpicos de Paris, entre 26 de julho a 11 de agosto.

O ministro do Interior, Gérald Darmanin anunciou paralelamente, por precaução, o aumento da segurança nas sinagogas e escolas religiosas judaicas.

Com informações da AFP

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