Em Genebra, Lula alerta para a ameaça da extrema direita às democracias

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou em Genebra nesta quinta-feira (13) e, num encontro com jornalistas em frente ao hotel onde está hospedado, falou sobre os riscos que as democracias correm, o avanço da extrema direita na Europa e o indiciamento do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, pela Polícia Federal (PF). Ele está em Genebra para participar do Fórum Inaugural da Coalizão para Justiça Social, da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Valéria Maniero, correspondente da RFI em Genebra

Lula disse que o avanço da extrema direita nas eleições europeias é um "perigo" e um "alerta" também. Nesse momento, ele falou dos riscos que as democracias correm e que as pessoas têm que "brigar" para que elas prevaleçam.

"Eu tenho dito para todo mundo que nós temos um problema de risco da democracia como nós a conhecemos porque o negacionista nega as instituições, ele nega aquilo que é o parlamento, aquilo que é a Suprema Corte, aquilo que é o poder judiciário, aquilo que é o próprio Congresso, ou seja, são pessoas que vivem na base da construção de mentiras. E você sabe qual é a desgraça da primeira mentira? É que você passa o resto da vida mentindo para justificar ela. Então, as pessoas que aprendem a fazer política mentindo passam o resto da vida mentindo, porque ele não pode desmentir o que ele falou", argumentou o chefe de Estado brasileiro.

"Então, acho que é um perigo, mas eu acho que é um alerta também. As pessoas que têm sentido em respeitar a democracia, têm que brigar para que a democracia prevaleça na Europa, na América do Sul, na América Latina, na Ásia, em tudo o que é lugar".

Segundo ele, "o mundo democrático sempre foi assim, tem uma hora que os setores da esquerda ganham as eleições, outra hora ganha o setor mais conservador", declarou. "Uma coisa que cresceu muito que é a extrema direita, que não é nem a direita, nem a esquerda, é uma extrema direita, que está ocupando um espaço importante", analisa.

Ministro indiciado

Perguntado sobre o indiciamento do ministro Juscelino Filho pela Polícia Federal (PF) por corrupção, Lula disse que "o fato do cara estar indiciado não significa que o cara cometeu o erro significa que alguém está acusando e a acusação foi aceita".

"Eu preciso que as pessoas provem que são inocentes. Ele tem o direito de provar que ele é inocente. Eu não conversei com ele ainda, vou conversar hoje e vou tomar uma decisão sobre esse assunto", contrapõe o presidente.

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Cúpula do G7

Lula também falou a imprensa sobre os temas que serão tratados no encontro do G7 na Itália. "O G7 é uma reunião um pouco complicada, nós temos um espaço para falar. Os assuntos que eu quero falar são sobre democracia mesmo, sobre inteligência artificial, sobre a desigualdade. São os assuntos que eu gosto de discutir em qualquer lugar que eu vou", afirmou.

Encontros com autoridades e com escritor brasileiro

Ao chegar ao hotel onde está hospedado em Genebra, o presidente Lula disse à imprensa estar feliz por estar na cidade "porque é a oportunidade que a gente tem de falar um pouco sobre o mundo do trabalho". "A questão do trabalho envolve muito a qualidade de vida das pessoas, a dignidade do ser humano, então, nós vamos discutir um pouco a realidade do mundo do trabalho hoje, em torno dos países", disse em Genebra.

Lula também falou que vai ter um encontro com a presidente da Confederação Suíça, Viola Amherd, "que quer conversar comigo" e confirmou a participação em um evento com o escritor Paulo Coelho para o lançamento de um selo comemorativo dos 35 anos do livro "O Alquimista". Além disso, O presidente se encontra com a delegação brasileira, e depois vai para a Itália participar do G7.

Torcendo para líder trabalhista da Inglaterra

Perguntado pela imprensa se a esquerda também estava mudando - os trabalhistas podem voltar ao poder no Reino Unido com o líder Keir Starmer, pondo fim a 14 anos de governo conservador -, ele disse que "a alternância de poder é uma coisa necessária" e que achava que os trabalhistas precisam voltar.

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"Não importa quem. É importante quando o povo toma a decisão de mudar as pessoas. Ou seja, o povo arrisca, o povo escolhe alguém. Se der certo, tudo bem, se não der certo, tira. Eu acho que os trabalhistas precisam voltar a governar a Inglaterra, porque é preciso que haja um avanço na conquista daquilo que é o mundo do trabalho na Inglaterra", afirmou Lula.

O presidente brasileiro disse ainda que "conhece bem" o Keir Starmer e que "está torcendo para que ele ganhe as eleições".

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