Ucrânia obtém acordo 'histórico' do G7 para usar ativos russos congelados no Ocidente

Os líderes do G7 receberam o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Itália nesta quinta-feira (13) e anunciaram um acordo inédito que prevê a utilização de ativos russos congelados para ajudar Kiev a se defender. Zelensky também pediu que o grupo das sete economias mais desenvolvidas do mundo acelerassem as entregas de armas e o treinamento de pilotos de caças F-16.

O acordo "histórico", como qualificou o chanceler alemão, Olaf Scholz, prevê um mecanismo financeiro para aumentar o apoio para os ucranianos, por meio de ativos russos congelados pelo Ocidente desde o início da guerra. Washington confirmou "um acordo político" nesta questão complexa.

"É justo que seja a Rússia que pague", reagiu Zelensky na mesa do G7 (Estados Unidos, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá e Japão), reunido em Borgo Egnazia, perto de Bari, no sul da Itália. O presidente ucraniano queria o confisco total dos € 300 bilhões de ativos do Banco Central da Rússia congelados pela União Europeia e o G7, mas ambos recusam a ideia por entraves legais.

Diante da perspectiva da volta de Donald Trump à Casa Branca e a incerteza sobre a continuidade da ajuda americana à Ucrânia, os países do G7 querem garantir financiamento para Kiev se defender da agressão russa. Por iniciativa dos Estados Unidos, adotaram o princípio de um empréstimo de US$ 50 bilhões para Kiev, garantido por juros futuros gerados por ativos russos imobilizados.

Detalhes ainda vagos

"Este é um empréstimo solidário", cuja parcela assumida por cada país ainda não é conhecida, explicou um alto funcionário da Casa Branca.

Os contornos do mecanismo ainda estão vagos, a começar pelas garantias deste empréstimo e a distribuição do dinheiro se "os rendimentos não produzirem o necessário para financiar o empréstimo", detalhou Paris na quarta-feira.

A maior parte dos ativos russos está congelada em países da União Europeia: cerca de € 185 bilhões estão retidos pelo Euroclear, um depositário internacional de dinheiro estabelecido na Bélgica. Isto dá um peso preponderante à Europa sobre a utilização do valor.

O restante é dividido principalmente entre os Estados Unidos, o Japão, o Reino Unido e a Suíça.

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Zelensky insiste por mais armas e treinamento militar

Volodymyr Zelensky também assinou dois acordos bilaterais de segurança na quinta-feira, um com Washington e outro com Tóquio.

Na quarta, os Estados Unidos haviam anunciado uma nova rodada de sanções destinadas a travar a mobilização para a guerra pela Rússia, visando entidades localizadas no país e em aliados como a China, a Turquia e os Emirados Árabes Unidos. Zelensky agradeceu por estas ajudas, mas reforçou o apelo para "acelerarem" as entregas de armas e munições a Kiev.

"Ainda estamos procurando por Patriot [sistemas de defesa aérea] adicionais", lembrou ele. "Também peço que façam tudo para acelerar nossa transição para o [caça americano] F-16, o que significa acelerar o treinamento de pilotos", disse ele.

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) admitiu nesta quinta-feira que estava lutando para encontrar novos sistemas de defesa antiaérea para entregar a Kiev. "Não tenho nenhum anúncio a fazer sobre as baterias Patriot hoje (quinta-feira)", admitiu o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, à margem de uma reunião em Bruxelas com os seus homólogos da aliança atlântica.

Nesta sexta-feira (14), a cúpula do G7 deverá se concentrar nas tensões comerciais e políticas com a China, cuja capacidade industrial é denunciada por americanos e europeus, que têm seus mercados inundados com produtos chineses subsidiados e de baixo custo.

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Acusando Pequim, em particular, de aumentar ilegalmente os seus fabricantes de veículos elétricos, a Comissão Europeia ameaçou impor direitos aduaneiros adicionais. Em reação, a China ameaçou apresentar uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC).

G7 pede que Hamas concorde com plano de trégua

A guerra em Gaza também deve ocupar parte das sessões de trabalho e das numerosas conversas bilaterais, à margem da cúpula. Os líderes do G7 declararam apoio ao plano de cessar-fogo americano no enclave e pediram para o Hamas "dar o acordo necessário" para a sua implementação, indicou o chanceler Olaf Scholz.

O Conselho de Segurança da ONU também apoia o plano, sublinhou o alemão, e "agora é importante que todos o implementem". Já a chefe do governo italiano, Giorgia Meloni, cujo país detém a presidência rotativa do G7, confirmou "o apoio unânime" à proposta dos Estados Unidos que visa um cessar-fogo imediato em Gaza, a libertação de todos os reféns e um aumento significativo da ajuda humanitária à população civil de Gaza.

Os líderes dos sete países mais desenvolvidos também apoiam "todos os esforços para evitar a escalada na região", acrescentou.

Com AFP

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