Israel anuncia pausa diária em ataques em Gaza para entrada de ajuda humanitária
O exército de Israel disse no domingo(16) que iria fazer uma pausa diária nos combates em torno de uma rota ao sul de Gaza para facilitar a entrega de ajuda. Há meses agências da ONU e ONGs alertam para o risco de fome no território palestino sitiado.
O exército de Israel disse no domingo (16) que iria fazer uma pausa diária nos combates em torno de uma rota ao sul de Gaza para facilitar a entrega de ajuda. Há meses agências da ONU e ONGs alertam para o risco de fome no território palestino sitiado.
As agências da ONU e os grupos de ajuda soaram repetidamente o alarme sobre a terrível escassez de alimentos e outros bens essenciais na Faixa de Gaza, agravada pelas restrições de acesso terrestre e bloqueio da importante passagem de Rafah com o Egito desde que as forças israelitas tomaram a área no início de maio.
Um comunicado militar declarou que "uma pausa tática local da atividade militar para fins humanitários acontecera de 8h até 19h (pelo horário local), todos os dias, até um novo aviso, ao longo da estrada que vai do cruzamento de Kerem Shalom até o Estrada Salah al-Din e depois para o norte".
O exército israelense divulgou um mapa com a rota humanitária indo até o Hospital Europeu de Rafah, a cerca de 10 de Kerem Shalom.
Correspondentes da AFP em Gaza disseram que não houve relatos de ataques, bombardeios ou combates na manhã de domingo, embora os militares tenham enfatizado em um comunicado que "não houve cessação das hostilidades no sul da Faixa de Gaza".
A decisão, que os militares disseram já estar em vigor, faz parte dos esforços para "aumentar os volumes de ajuda humanitária que entram na Faixa de Gaza", após discussões com a ONU e outras organizações, afirmou o exército.
O anúncio também ocorre na véspera do feriado muçulmano de Eid al-Adha.
Os Estados Unidos, que têm pressionado o aliado próximo Israel, bem como o Hamas, a concordar com um plano de cessar-fogo apresentado pelo presidente Joe Biden, impuseram na sexta-feira sanções a um grupo extremista israelense por bloquear e atacar comboios de ajuda com destino a Gaza.
Na Cidade de Gaza, no norte do território, "não sobrou nada" para comer, disse o morador Umm Ahmed Abu Rass.
"O que é esta vida?", perguntou à AFP. "Não há combustível, não há acesso a tratamento médico... e não há comida nem água."
Soldados mortos
O anúncio de uma "pausa local e tática da atividade militar" durante o dia em uma área de Rafah ocorreu um dia depois que onze soldados israelenses terem sido mortos.
Os militares disseram que os onze soldados mortos no sábado foram atingidos por uma explosão enquanto viajavam em um veículo blindado perto de Rafah, onde as tropas travavam ferozes batalhas de rua contra militantes palestinos.
O porta-voz militar, contra-almirante Daniel Hagari, disse em entrevista coletiva na televisão que a explosão foi "aparentemente causada por um dispositivo explosivo plantado na área ou pelo disparo de um míssil antitanque".
Separadamente, dois soldados foram mortos em combates no norte de Gaza e outro sucumbiu aos ferimentos infligidos em combates recentes.
As perdas de sábado foram das mais pesadas para os militares desde que iniciaram a sua ofensiva terrestre em Gaza, em 27 de outubro, elevando o número total desde então para 309 mortes.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apresentou suas condolências após "esta terrível perda".
Num comunicado, ele disse que "apesar do preço pesado e perturbador, devemos nos apegar aos objetivos da guerra".
Israel prometeu destruir o Hamas após o ataque sem precedentes do grupo palestino em 7 de outubro, que resultou na morte de 1.194 pessoas, a maioria civis, de acordo com um cálculo da AFP baseado em números oficiais israelenses.
Os militantes também fizeram 251 reféns. Destes, 116 permanecem em Gaza, embora o exército afirme que 41 estão mortos.
A ofensiva retaliatória de Israel matou pelo menos 37.296 pessoas em Gaza, também a maioria civis, de acordo com o ministério da saúde no território governado pelo Hamas.
Os líderes do G7 disseram na sexta-feira que as agências de ajuda devem poder trabalhar sem impedimentos em Gaza, apelando à "passagem rápida e desimpedida de ajuda humanitária para os civis necessitados".
Conflito mais amplo
Mediadores egípcios, catarianos e norte-americanos têm pressionado por uma nova trégua desde uma pausa de uma semana em novembro, que também resultou na libertação de reféns de Gaza em troca de prisioneiros palestinianos detidos em prisões israelenses, e no aumento das entregas de ajuda ao território palestiniano.
Mas à medida que os esforços diplomáticos estagnaram, os receios de que a guerra se espalhasse para um conflito mais amplo no Médio Oriente foram reavivados nos últimos dias por uma escalada de violência retaliatória entre Israel e o grupo militante libanês Hezbollah, um aliado do Hamas.
* Com informações da AFP