Putin realiza rara visita de Estado à Coreia do Norte, acusada de fornecer armas à Rússia

O presidente russo, Vladimir Putin, viajará à Coreia do Norte nesta terça (18) e quarta-feira (19) para uma rara visita de um chefe de Estado a um dos países mais isolados do mundo. O regime de Pyongyang também é acusado por nações ocidentais de fornecer armas a Moscou em sua ofensiva na Ucrânia.

A Rússia e a Coreia do Norte, alvo de sanções internacionais, estreitaram seus laços desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022. A viagem de Putin a Pyongyang é uma nova prova de sua aproximação do dirigente norte-coreano, Kim Jong-un. 

Em um comunicado, o Kremlin, anunciou que o presidente russo realizará uma "visita de Estado amigável" na Coreia do Norte. A viagem ocorre nove meses após Putin receber o dirigente norte-coreano na Rússia. Na ocasião, apesar de terem trocado diversos elogios, nenhum acordo foi concluído entre os dois países. 

No entanto, segundo governos ocidentais, Pyongyang utilizou seus vastos estoques de munições para apoiar a Rússia. Na semana passada, os Estados Unidos acusaram Moscou de usarem mísseis balísticos norte-coreanos contra a Ucrânia. Em troca, a Rússia teria fornecido ajuda para aprimorar o sistema de satélites norte-coreano e enviado ajuda para lutar contra a escassez de alimentos no país. 

Irmãos de armas

Kim Jong-un comemorou a visita de Putin, ressaltando os laços entre "os indefectíveis irmãos de armas" - a relação entre russos e norte-coreanos data da época soviética. Em sua viagem à Rússia, em setembro de 2023, o dirigente norte-coreano já havia declarado que a amizade entre os dois países  era "a prioridade número um" de seu regime, ainda que a China seja o principal apoio econômico e aliado diplomático de Pyongyang.

Até o momento, o programa da visita do presidente russo ainda não foi revelado. Como os dois países possuem uma fronteira terrestre em comum, é possível que Putin faça parte do trajeto por trem, a exemplo do itinerário escolhido por Kim Jong Un no ano passado. 

Essa é a segunda visita de Estado do chefe do Kremlin à Coreia do Norte. A primeira ocorreu há cerca de 25 anos, um pouco após sua chegada ao poder, quando se reuniu com Kim Jong-il, pai do atual dirigente norte-coreano. 

Preocupação na Coreia do Sul

Seul afirmou que "acompanha de perto" os preparativos da visita de Putin ao vizinho do norte. O governo sul-coreano pediu que Moscou "contribua à paz e à estabilidade na península coreana, respeitando as resoluções do Conselho de Segurança da ONU". 

Continua após a publicidade

A Coreia do Sul teme as repercussões dessa "amizade" entre Moscou e Pyongyang, em um momento em que reforça seu apoio à Ucrânia. Após ter fornecido uma expressiva ajuda militar a Kiev, o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, visitou o país no último mês.

Além disso, em março, a Rússia utilizou seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para colocar um fim à vigilância das violações das sanções internacionais visando a Coreia do norte - um verdadeiro presente para Pyongyang. 

Especialistas na questão entre as duas Coreias também alertaram para a intensificação de testes de mísseis e produção de artilharia pelo regime norte-coreano, que possui a arma nuclear. Especula-se que parte deste armamento seja destinado à Rússia, que investe em uma nova fase de sua ofensiva na Ucrânia. 

(Com informações da AFP

Deixe seu comentário

Só para assinantes