Coligação de esquerda propõe imposto sobre fortuna que arrecadaria € 15 bi na França

A Nova Frente Popular, que reúne vários partidos de esquerda, propôs nesta sexta-feira (21) a introdução de um imposto sobre a fortuna mais alto, que poderia gerar € 15 bilhões por ano, caso a coligação vença as eleições legislativas antecipadas na França.

Faltando nove dias para o primeiro turno das eleições legislativas antecipadas de 30 de junho e 7 de julho na França, a campanha está a todo vapor. No rádio, na televisão, nas ruas, nos encontros com eleitores, candidatos e líderes de partidos políticos estão em todas as frentes.

Na quinta-feira (20), os representantes dos principais partidos na corrida eleitoral fizeram grandes discursos diante de líderes empresariais. Nesta sexta-feira (21), a Nova Frente Popular apresentou uma previsão de gastos e financiamento de seu programa de governo.

Enquanto isso, em Marselha, o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, denunciou "dois blocos extremistas que se alimentam um do outro". Attal tenta emplacar uma equivalência entre as propostas do bloco de esquerda, formado pelos partidos socialista, ecologista, comunista e a esquerda radical da sigla França Insubmissa (LFI), e aquelas do partido da extrema direita Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen.

"Desejamos restabelecer imediatamente um ISF com um componente climático de € 15 bilhões", disse Alexandre Ouizille, senador socialista, em uma coletiva de imprensa da Nova Frente Popular, anunciando o custo do projeto da coalizão de esquerda para as eleições legislativas.

Ao chegar ao Palácio do Eliseu, Emmanuel Macron transformou o ISF em um imposto sobre a riqueza imobiliária (IFI), marcando o desejo do governo macronista de tornar a França um lugar mais atrativo para investimentos.

A reintrodução do ISF, caso a coligação de esquerda vença, poderia gerar "doze ou treze bilhões de euros" nos primeiros anos, antes de aumentar para € 15 bilhões, estimou a economista Julia Cagé na coletiva de imprensa.

A partir de 2024, para "responder imediatamente a emergências", a Nova Frente Popular também pretende introduzir um imposto sobre os chamados superlucros, que também arrecadaria € 15 bilhões.

Os € 30 bilhões seriam usados para financiar, em particular, um aumento de 10% nos subsídios para a moradia (APL), a revogação das reformas da aposentadoria e do seguro-desemprego e um aumento de 10% para os funcionários públicos.

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De acordo com a aliança de esquerda, essas reformas custariam € 25 bilhões.

Encontro com patrões das grandes empresas

Os líderes de todos os partidos políticos franceses realizaram um pronunciamento na quinta-feira (20) na Salle Gaveau, em Paris, perante as três principais organizações de empresários e uma dúzia de associações que representam 90% das empresas privadas na França.

O chefe do Reunião Nacional (RN), o maior partido da extrema direita da França, Jordan Bardella, que era aguardado com ansiedade, causou um grande alvoroço quando apareceu como convidado surpresa, juntamente com o polêmico presidente do partido de direita Os Republicanos (LR), Eric Ciotti.

"Percebi que precisava tranquilizar as pessoas", disse o confiante presidente do RN. Ele denunciou o que considera a "insensatez orçamentária" do atual governo de Macron e prometeu um "espírito de responsabilidade" para "restaurar a ordem no país, nas ruas e nas contas públicas". 

Citando a necessidade de uma "auditoria das contas do país", ele voltou atrás na maioria das promessas do programa de Marine Le Pen para 2022, ou nos projetos mencionados recentemente por vários líderes de seu partido. 

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A única medida de gastos confirmada por Bardella a curto prazo, em entrevista na segunda-feira à noite ao jornal Le Parisien, foi a redução de impostos sobre eletricidade, gás e combustível, estimada em € 12 bilhões. Segundo ele, essa reforma poderia ser facilmente financiada por meio de economias, principalmente em "certos nichos fiscais" e questionando "a proliferação de órgãos públicos".

Ministro de Macron aplaudido por empresários

Mas no medidor de aplausos, no entanto, o grande vencedor entre os empresários foi Bruno Le Maire. O Ministro da Economia e Finanças da França, aplaudido de pé assim que chegou e depois interrompido inúmeras vezes pela plateia, lembrou: "Fui eu que, em 2018, restaurei as contas públicas do país". E garantiu que, depois de ter tido de gastar, muitas vezes a pedido dos empresários durante a pandemia de Covid-19, ele agora trabalhava, mais uma vez, para reduzir os déficits por meio de economias: "Prefiro ser responsável do que popular!", entoou. 

Le Maire garantiu à plateia a continuidade da "estabilidade fiscal" e declarou que "se o presidente da República agora quiser aumentar os impostos, será sem mim". 

Mais cedo, o ex-primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, do partido de direita Horizontes, também defendeu a política econômica de Emmanuel Macron, "a mais pró-negócios que já vimos em muito tempo". 

(Com agências)

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