Risco de guerra na fronteira entre Israel e Líbano preocupa habitantes da região

Nas últimas semanas, o Hezbollah intensificou a frequência dos seus ataques no norte de Israel, que ameaça dar início a uma operação militar em grande escala no sul do Líbano.

Após quase nove meses de conflito Israel-Hamas, os moradores de ambos os lados da fronteira temem a guerra que se aproxima e vivem no cotidiano as frequentes trocas de tiros.

Na cidade israelense de Kiryat Shmona, a moradora Illana passa a maior parte do tempo em seu abrigo antiaéreo. No pequeno quarto com uma porta blindada, ela instalou internet, colocou sua cama, roupas, cosméticos, medicamentos e alimentos. "Tudo o que eu preciso está aqui e não tenho que ficar procurando minhas coisas. Cheguei a deixar as malas arrumadas caso eu tenha que sair de repente", conta a mulher.

A aposentada de 65 anos partiu quando a cidade onde mora foi evacuada em 20 de outubro, segundo a correspondente especial da RFI em Kiryat Shmona, Alice Froussard.

Mas ela decidiu voltar dois dias depois, por opção. "Uma amiga me disse: 'Não sei se você é corajosa ou se é louca'. Respondi que não era nem uma coisa, nem outra. Estou com medo, mas pelo menos me sinto aliviada de estar em casa. Atrás dessa porta, me sinto segura", diz.

Segundo Illana, o governo israelense faz um "jogo perigoso" ao provocar o Líbano. Mas em Kiryat Shmona, nem todos têm a mesma opinião. "Acho que estão buscando acordo, mas o Hezbollah não quer saber da gente e aguarda uma guerra total, como muitos que veem essa como a única solução, custe o que custar", diz o veterinário Rami.

Fogo cruzado

Marcada por uma linha azul, a fronteira entre o Líbano e Israel foi traçada pelas Nações Unidas. Mais de 10 mil soldados de todo o mundo estão realizando uma missão de paz dentro da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil). Mas o seu mandato não permite intervir, apenas fiscalizar. E por isso os militares agora se encontram no fogo cruzado entre Israel e o Hezbollah.

No lado libanês da fronteira, o contingente espanhol da Unifil tem 670 soldados que patrulham a fronteira. "O patrulhamento é a única forma de evitar que um exército irregular se estabeleça na região, o que aumentaria o risco de guerra aberta", diz o tenente-coronel José Irisarri.

Continua após a publicidade

A aldeia de Kfar Kila está cercada de escombros. "Esta é a aldeia que mais foi atacada pelos israelenses", contou o coronel espanhol à RFI. Poucos minutos após a partida da patrulha, Kfar Kila foi novamente bombardeada pelas forças israelenses.

Deixe seu comentário

Só para assinantes