Onda de Covid-19 durante Olimpíada de Paris não preocupa governo, mas pode atrapalhar atletas

O vírus da Covid-19 continua presente na França e as contaminações devem aumentar durante os Jogos Olímpicos entre turistas e atletas. Mas a França, por enquanto, não registra uma explosão de casos, disse nesta quinta-feira (25) Frédéric Valletoux, ministro francês encarregado da Saúde e da Prevenção. Segundo ele, o governo francês continua "vigilante".

O ministro francês descartou, por enquanto, o retorno das máscaras nos locais onde ocorrerão as competições, mas essa decisão pode evoluir em função da evolução das contaminações. "Caberá ao comitê organizador avaliar a situação em cada caso", disse.

"Com 10.500 atletas presentes nos Jogos Olímpicos, sabíamos que o risco zero não existia", destacou Valletoux. Ele assegurou que está acompanhando a situação "muito de perto", mas sem preocupação. "No final de maio e início de junho registramos um ligeiro pico de infecções, que desde então tende a diminuir", sem que o vírus tenha desaparecido, acrescentou.

O infectologista francês Pierre Tattevin, chefe do setor no Hospital Universitário de Rennes, na Bretanha, diz que atualmente, o estabelecimento registra entre 30 e 40 casos por semana e que raramente são graves. "Os pacientes vão bem e não alteram o funcionamento do hospital", afirma Tattevin, que também é presidente da Sociedade Francesa de Infectologia. 

"Em termos de risco sanitário para a população em geral, o vírus da Covid-19 pode até circular um pouco mais durante a Olimpíada. Mas as pessoas não vão ficar muito doentes e os hospitais não vão ficar superlotados, como foi o caso em 2020", lembra. 

Na época, os Jogos Olímpicos de Tóquio, que deveriam acontecer em 2020, foram adiados para 2021 por conta da pandemia. A Olimpíada de Paris é, desta forma, a primeira desde que a vida voltou ao normal após anos de restrições provocadas pelo vírus.

O especialista francês ressalta que a imunidade adquirida pela infecção, a vacinação e a própria evolução natural do vírus fazem com que ele seja menos perigoso. "Mesmo alguém que não tenha nenhuma imunidade contra o vírus ficará bem menos doente se for contaminado hoje", afirma. As sequelas deixadas pela infecção, como a Covid longa, também estão diminuindo, observa, e as consultas por este motivo são bem menos frequentes.

"No caso da Olimpíada, outro risco seria um atleta que está esperando ganhar uma medalha de ouro na próxima semana, por exemplo, pegar o vírus. Ele não vai conseguir porque a infecção afeta o desempenho", explica.

Casos podem propagar rapidamente entre atletas

Vários atletas testaram positivo para a Covid-19 desde que chegaram à França para participar dos Jogos. A equipe feminina australiana de polo aquático é uma das mais afetadas, com cinco jogadoras contaminadas, confirmou a chefe da delegação Anna Meares. 

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O time estreia neste sábado (27) contra a China e nos últimos seis Jogos Olímpicos levou três medalhas (uma de ouro e duas de bronze).

Nesta quarta-feira (24), um grupo de atletas belgas também teve que adiar sua vinda a Paris após terem testado positivo para a doença. Os nomes e as modalidades não foram revelados.

A informação foi confirmada pelo médico do Comitê Olímpico Belga, Johan Bellemans, ao jornal Het Laatste Nieuws. "Não queremos correr riscos. Temos vários atletas que estão em lista de espera e ainda não podem vir porque devem primeiro apresentar um teste negativo", disse o especialista.

Temor de "cluster" na Vila OIímpica

Segundo Bellemans, medidas sanitárias foram tomadas para evitar novos casos. "O objetivo é que nenhum outro atleta seja afetado. Se novos casos aparecessem agora, ficaria complicado", disse. "O temor de que o vírus entre aqui na Vila Olímpica é real", afirmou. 

Outros casos de contaminações foram divulgados recentemente. Na última semana, vários ciclistas desistiram de competir na Volta da França. Os organizadores chegaram a impor o uso da máscara a todos os envolvidos na corrida que estivessem em contato com os ciclistas, como jornalistas e convidados. A Federação Francesa de Judô também havia anunciado há duas semanas que um dos participantes testou positivo para a doença.

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(RFI e AFP)

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