Biden e Putin recebem prisioneiros americanos e russos, após troca histórica

Presos americanos, russos e alemães, liberados na troca histórica entre países ocidentais e Moscou, começaram a chegar a seus países nessa sexta-feira (2). 

Os prisioneiros libertados chegaram a bordo de um avião que aterrissou por volta das 23h40 (hora local) na base militar de Andrews, perto de Washington, onde foram recebidos pelo presidente Joe Biden, a vice-presidente Kamala Harris e familiares.

O primeiro a deixar o avião foi o ex-fuzileiro naval Paul Whelan, que passou seis anos numa prisão russa por espionagem. O segundo foi Evan Gershkovich, jornalista do Wall Street Journal, também preso há mais de um ano por espionagem e condenado, há duas semanas, a 16 anos de prisão.

Eles foram seguidos pela jornalista russo-americano Alsu Kourmasheva, e pelo ativista russo Vladimir Kara-Murza.O vice-presidente do movimento pró-democracia "Rússia Aberta" foi um dos seis opositores de Putin libertados nessa troca de prisioneiros, que foi a maior desde a queda do bloco soviético.

A chegada foi retransmitida ao vivo pelo site e redes sociais da Casa Branca.

 

Dia "histórico"

Horas antes, Joe Biden havia afirmado que se tratava de um dia histórico e feliz. Para o presidente, cujo mandato termina em alguns meses, a libertação dos presos é uma vitória política. Mesmo que alguns senadores ??republicanos questionem se o acordo não encorajaria a Rússia a continuar a prender cidadãos americanos para utilizá-los como moeda de troca.

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Ao todo, 10 russos, incluindo dois menores, foram trocados por 16 ocidentais e russos presos na Rússia. A transferência aconteceu na pista do aeroporto de Ancara, na Turquia. Os serviços de inteligência turcos "realizaram a operação de troca de prisioneiros mais importante dos últimos tempos em Ancara", afirmou o governo turco.

"O sofrimento deles acabou", declarou Joe Biden durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca antes de se dirigir à base militar, rodeado pelas famílias dos libertados. Kamala Harris saudou o regresso deles após uma "terrível perversão da Justiça".

Recepção dos prisioneiros libertados em Moscou

Vladimir Putin recebeu pessoalmente os oito russos, que estavam detidos nos Estados Unidos e em vários países europeus, quando eles desceram do avião em Moscou. Esta foi uma oportunidade para o presidente russo se colocar no centro do palco e aparecer como um salvador.

Um tapete vermelho estava estendido na saída do avião, entre duas fileiras de soldados em posição de sentido, rifles nas mãos. Vladimir Putin, por sua vez, entregou um buquê de flores a Anna Dultseva, uma espiã russa que estava detida na Eslovênia, e abraçou os oito prisioneiros.

A imagem forte, de um presidente mobilizado e preocupado com o destino dos seus cidadãos, levou o diário Moskovski Komsomolets a dizer que Vladimir Putin os acolheu como heróis. Já os diários Kommersant ou o Vedomosti falaram de uma troca de prisioneiros histórica, também devido ao número de países envolvidos: Estados Unidos, Alemanha, Polônia, Eslovênia e Noruega.

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Escolha difícil para a Alemanha

A permuta, que envolveu 26 pessoas, principalmente cidadãos americanos, incluiu também Vadim Krasikov, libertado pela Alemanha. Ele havia sido condenado à prisão perpétua pelo assassinato em pleno centro de Berlim de um ex-comandante separatista checheno. Putin queria sua libertação a todo preço.

"Esta decisão não foi fácil para nosso governo", reconheceu em um comunicado o porta-voz do chanceler alemão Olaf Scholz. Berlim teve que realizar uma "arbitragem difícil", manter na prisão Krasikov ou permitir a liberação de pessoas inocentes na Rússia.

As negociações duraram meses entre Berlim, Moscou e Washington. A Alemanha, no começo reticente, acabou aceitando uma possível libertação de Krasikov exigindo, em contrapartida, que o opositor russo Alexei Navalny saísse da prisão. Mas ele morreu, em fevereiro, antes da troca se concretizar.

A condenação de Evan Gershkovich em junho, a 16 anos de prisão, reacendeu as discussões. Em abril, Berlim já tinha decidido que Vadim Krasikov deveria ser expulso devido ao perigo que representava para a Alemanha. O ministro da Justiça pediu ao Ministério Público Federal a dispensa da execução da pena, o que permitiu que a expulsão do assassino fosse legalmente possível.

Para a seção alemã da Anistia Internacional, essa decisão deixou "um sabor amargo" e pode reforçar o sentimento de "impunidade" judicial de Moscou. O acordo permitiu que a Alemanha obtivesse a libertação de quatro de seus concidadãos presos na Rússia.

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Um quinto alemão, condenado à morte por "terrorismo" e depois perdoado na última terça-feira, estava sob custódia em Belarus, um país aliado da Rússia. A Alemanha instou as autoridades de ambos os países a "libertarem todas as outras pessoas detidas injustamente por razões políticas".

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