EUA consideram que 'chegou o momento' de pôr fim à guerra em Gaza

O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, afirmou nesta quarta-feira (23) que chegou "o momento" de acabar com a guerra em Gaza e pediu a Israel que evite "uma escalada maior" com uma possível retaliação ao ataque de mísseis iranianos. 

Após a visita oficial a Israel, Blinken continuou sua turnê em Riade, visando conter a escalada militar na região, um mês após o início da guerra no Líbano entre Israel e o Hezbollah

No sul do Líbano, muitas famílias fugiram de Tiro, alvo de ataques nesta quarta-feira, após um chamado do Exército israelense para evacuar bairros dessa cidade costeira de cerca de 14.500 habitantes. 

"A situação é muito ruim, estamos evacuando todo mundo", disse Mortada Mhanna, que dirige o centro de gerenciamento de crise local. 

A visita de Blinken à região é a décima primeira desde o início da guerra na faixa de Gaza, que se espalhou em setembro para o Líbano, enquanto todas as tentativas de mediação internacional por um cessar-fogo falharam.

"Meses de combates"

Blinken considerou nesta quarta-feira que "o momento" chegou para acabar com a guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023. Segundo ele, Israel alcançou "a maioria de seus objetivos estratégicos" no território palestino, "com a ideia de garantir que o 7 de outubro nunca mais possa acontecer". 

Após esse ataque, Israel prometeu destruir o Hamas, que está no poder em Gaza desde 2007. 

Na terça-feira (22), Blinken avaliou que a morte de Yahya Sinouar, líder do Hamas morto por soldados israelenses em 16 de outubro, oferecia uma "oportunidade importante de trazer de volta os reféns" levados para Gaza em 7 de outubro e de "encerrar a guerra". 

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Representante do Hamas em Moscou

Uma fonte do Hamas também informou que um alto funcionário do movimento islâmico palestino chegou nesta quarta-feira a Moscou para discutir o "fim" da guerra. 

O secretário de Estado norte-americano também pediu na terça-feira a Israel que facilitasse a entrada de ajuda humanitária na faixa de Gaza sitiada, mencionando "progresso" nesse sentido que considerou insuficiente. 

No entanto, uma fonte de segurança afirmou na quarta-feira que o Exército israelense estava preparado para mais "meses de combates" em Gaza e no Líbano. Israel não estaria "em guerra contra Gaza, nem em outra guerra contra o Líbano", mas "em guerra contra o Irã, às vezes diretamente, às vezes indiretamente, através dos aliados do Irã", acrescentou essa fonte. 

Blinken considerou "muito importante que Israel responda de uma forma que não crie uma maior escalada", enquanto o Irã se diz determinado a retaliar em caso de ataque israelense após o lançamento de 200 mísseis iranianos contra seu território em 1º de outubro. 

Antes de chegar a Riade, onde foi recebido pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, o chefe da diplomacia americana pediu a Israel que aproveitasse a "oportunidade incrível" de normalizar suas relações com a Arábia Saudita. Ele deve viajar na quinta-feira para o Catar.

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Campanha de vacinação contra a poliomielite adiada

Na faixa de Gaza, a Organização Mundial da Saúde adiou uma campanha de vacinação contra a poliomielite que deveria começar no norte do território, onde as Forças Armadas israelense realiza uma nova ofensiva contra o Hamas desde 6 de outubro. 

Ela invocou "bombardeios intensivos e ordens de deslocamento maciço" da população. Segundo a Defesa Civil, um ataque matou quatro pessoas nesta quarta-feira em Gaza. 

A agência da ONU para os refugiados palestinos (Unrwa) também anunciou a morte de um de seus funcionários palestinos em um ataque em Khan Younes, no sul do território palestino. 

A ofensiva israelense lançada em Gaza em represália ao ataque de 7 de outubro de 2023 matou pelo menos 42.792 palestinos, a maioria civis, de acordo com dados do ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU. 

Em Israel, o ataque resultou na morte de 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais israelenses, incluindo reféns mortos ou que morreram em cativeiro. 

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Das 251 pessoas sequestradas, 97 permanecem reféns em Gaza, das quais 34 foram declaradas mortas pelo exército.

"À beira do colapso"

No Líbano, o exército israelense continuou nesta quarta-feira os bombardeios aéreos no sul e no leste do país, dois redutos do Hezbollah, segundo a agência de notícias libanesa ANI, assim como suas operações em terra no sul do Líbano, lançadas em 30 de setembro. 

"O Líbano está à beira do colapso", alertou em Beirute a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, na véspera de uma conferência internacional sobre o país em Paris. 

Israel afirma que quer neutralizar o Hezbollah no sul do Líbano, na fronteira com seu território, e permitir o retorno ao norte de Israel de 60.000 habitantes deslocados pelos constantes disparos de foguetes desde um ano. 

Embora enfraquecido, o Hezbollah reivindica diariamente disparos de foguetes contra Israel e afirmou ter atingido na quarta-feira uma base militar perto de Tel Aviv, no centro do país, e duas outras perto de Haifa, no norte. 

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O Hezbollah confirmou na quarta-feira a morte em um ataque israelense de Hachem Safieddine, sucessor previsto à frente do movimento chiita de Hassan Nasrallah, que foi morto na periferia sul de Beirute em 27 de setembro. 

Pelo menos 1.552 pessoas foram mortas no Líbano desde o início da campanha de bombardeios aéreos israelenses em 23 de setembro, de acordo com um levantamento da AFP com base em dados oficiais. 

A ONU contabilizou cerca de 800.000 deslocados no país, e segundo as autoridades libanesas, quase 500.000 pessoas fugiram para a Síria. 

Um diplomata ocidental afirmou nesta quarta-feira que um desdobramento de forças internacionais no sul do Líbano ao lado do Exército libanês foi mencionado por países ocidentais como uma possibilidade em caso de cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah.

(Com AFP)

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