FMI diz que precisa de 'mais detalhes' sobre sistema de pagamento alternativo ao dólar defendido pelo Brics

O Fundo Monetário Internacional (FMI) quer "mais detalhes" sobre o futuro sistema de pagamentos internacionais previsto pelos países do Brics, antes de avaliar seu impacto no comércio internacional, sublinhou a responsável do Fundo, Kristalina Georgieva, nesta quinta-feira (24). A ideia foi defendida por Lula e pelo presidente russo Vladimir Putin na cúpula do bloco que acontece na Rússia. 

Questionada na sua tradicional coletiva de imprensa durante as reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial (BM), que acontecem até ao final da semana, a diretora-geral da instituição respondeu, "precisamos de mais detalhes" para determinar o impacto do sistema. Neste contexto, o FMI está preocupado com os riscos de fragmentação da economia global.

A ideia de um sistema de pagamentos alternativo, que permita aos principais países do Sul Global utilizarem suas moedas nacionais em vez do dólar ou do euro, que representam atualmente quase 80% do comércio mundial, foi apresentada terça-feira (22) durante uma reunião entre o presidente russo Vladimir Putin e Dilma Rousseff, que presidente o Novo Banco de Desenvolvimento, antes do início da cúpula dos Brics na Rússia.

"Temos membros muito diferentes, que formam grupos diferentes, mas todos apoiam o FMI", assegurou Georgieva, enquanto o Novo Banco de Desenvolvimento foi lançado pelos Brics precisamente como uma alternativa ao FMI e ao BM.

Um dos principais defensores da ideia de usar moedas alternativas ao dólar para comércio entre países do bloco é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Agora é chegada a hora de avançar na criação de meios de pagamento alternativos para transações entre nossos países. Não se trata de substituir nossas moedas. Mas é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que almejamos se reflita no sistema financeiro internacional", disse o presidente em seu discurso por videoconferência na cúpula do Brics, na quarta-feira (23).  

Paz na Ucrânia

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu nesta quinta-feira, aos líderes reunidos no último dia da cúpula, em Kazan, na Rússia, uma "paz justa" na Ucrânia."  

"Precisamos de paz na Ucrânia. Uma paz justa, de acordo com a Carta das Nações Unidas, o direito internacional e as resoluções da Assembleia Geral", disse ele diante de Vladimir Putin, que permaneceu impassível.

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"O secretário-geral disse que todos deveríamos viver como uma grande família", "infelizmente, nas famílias há frequentemente discussões, escândalos, disputas de propriedade e, por vezes, até brigas", disse depois o presidente russo.

Guterres também fez um apelo pelo fim das hostilidades no Oriente Médio, em meio à escalada de tensões na região, especialmente entre Israel e o Hezbollah.

"Precisamos de paz em Gaza com um cessar-fogo imediato, a libertação imediata e incondicional de todos os reféns" ou mesmo a entrega de ajuda humanitária "sem obstáculos", disse ele.

"Devemos fazer progressos irreversíveis para acabar com a ocupação e estabelecer uma solução de dois Estados", insistiu, referindo-se ao conflito entre Israel e a Palestina.

O secretário-geral também pediu o fim "imediato das hostilidades no Líbano".

Após um ano de guerra em Gaza, o exército israelense transferiu o centro das suas operações para o Líbano, onde desde 23 de setembro realiza ataques aéreos visando principalmente os redutos do Hezbollah no sul e leste do país, e os subúrbios de Beirute.

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Com quatro membros (Brasil, Rússia, Índia, China) quando foi criado em 2009, o Brics hoje conta com a África do Sul, que se uniu ao grupo em 2010, a Etiópia, o Irã, o Egito e os Emirados Árabes Unidos, que se juntaram ao bloco este ano.

(Com AFP)

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