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Proposta de ministra da Cultura da França de cobrar entrada em Notre-Dame de Paris gera polêmica

24/10/2024 13h30

"Uma igreja paga é um museu, num contexto em que estamos todos tornar parte dos museus gratuitos", argumentou Alexandre Gady, historiador do patrimônio francês, em declarações à Franceinfo nesta quinta-feira (24). O questionamento é uma reação à fala da ministra da Cultura da França, Rachida Dati, que propõe cobrar € 5 (cerca de R$ 30) dos visitantes da famosa catedral de Paris, a partir de 1º de janeiro de 2026, para "financiar a preservação das igrejas" na França.

"Uma igreja paga é um museu, num contexto em que estamos todos tornar parte dos museus gratuitos", argumentou Alexandre Gady, historiador do patrimônio francês, em declarações à Franceinfo nesta quinta-feira (24). O questionamento é uma reação à fala da ministra da Cultura da França, Rachida Dati, que propõe cobrar € 5 (cerca de R$ 30) dos visitantes da famosa catedral de Paris, a partir de 1º de janeiro de 2026, para "financiar a preservação das igrejas" na França.

Com a reabertura da catedral prevista para 7 de dezembro, a proposta de Rachida Dati de cobrar € 5 pela entrada, a partir de 2026, foi recebida com uma chuva de reações da classe política. As personalidades de direita que se manifestaram são, em geral, favoráveis à iniciativa da ministra da Cultura, enquanto as da esquerda se opõem firmemente à mudança.

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A presidente da região parisiense, Valérie Pécresse, expressou seu entusiasmo nas redes sociais com a iniciativa. "Muito boa a ideia de Rachida Dati: que os turistas que vierem visitar a catedral Notre-Dame de Paris, magnificamente renovada, paguem € 5 para salvar todas as igrejas da França. Não há o que hesitar!" escreveu. No entanto, Valérie Pécresse deseja que os fiéis "que vêm rezar" sejam isentos do preço da entrada. Resta saber como diferenciar o segundo grupo dos turistas ocasionais.

Diocese de Paris se opõe à medida

A primeira opositora a essa iniciativa, segundo a revista Le Point, foi a diocese de Paris. Em um comunicado nesta quinta-feira, a circunscrição eclesiástica lembra o princípio da "gratuidade do direito de entrada nas igrejas e catedrais", afirmando que a missão da Igreja é "acolher de forma incondicional e, portanto, necessariamente gratuita todo homem e toda mulher".

Na classe política francesa, o senador centrista Loïc Hervé também considera que "o acesso à Notre-Dame de Paris deve, evidentemente, permanecer gratuito e universal". "Seja francês ou turista estrangeiro, crente ou ateu, nunca se paga para entrar em uma igreja ou catedral. Notre-Dame não deve escapar a essa regra!" afirmou o parlamentar em uma mensagem publicada no X.

À esquerda, o adjunto da Prefeitura de Paris responsável pelos transportes e mobilidade, David Belliard, se manifestou contra a perspectiva de tornar o acesso ao edifício pago. "Mas deixemos as pessoas aproveitar Notre-Dame livre e gratuitamente!" exclamou o ecologista no X.

"A visita à catedral, assim como a todos os edifícios religiosos, faz parte da cultura popular, e sua gratuidade garante um acesso universal. Não é à toa que a lei de 1905 estabelece claramente que a visita aos edifícios religiosos não deve ser sujeita a nenhuma taxa ou cobrança", argumentou o político.

"Ruptura filosófica"

"Não se deve nem mesmo pensar em ingresso pago para Notre-Dame", reagiu nesta quinta-feira à Franceinfo Alexandre Gady, historiador do patrimônio e membro da Comissão nacional de arquitetura e patrimônio da França. Para ele, trata-se de uma "ruptura filosófica", oposta à ideia de "democratização cultural" que deve ser defendida pelo ministério da Cultura, criado em 1959 pelo escritor e intelectual francês André Malraux (1901-1976).

"Se tornarmos pago o que é gratuito, estamos em outra abordagem. Na verdade, estamos em uma abordagem de uma mentalidade contábil que nos devastou neste país", criticou. "Acredito que estamos buscando no lugar errado a fonte desse dinheiro", acrescentou.

O preço sugerido por Rachida Dati na entrevista ao jornal Le Figaro, publicada na quarta-feira, permitiria arrecadar "75 milhões de euros por ano". Uma quantia que "salvaria todas as igrejas de Paris e da França", defendeu a ministra.

"Desculpe, mas esses são cálculos que estão no papel, não são reais", lamentou Alexandre Gady. "Você imagina o que significa colocar um ingresso? Isso significa que é preciso ter bilheteiras, significa que é necessário pessoal para validar os ingressos. Tudo isso não aparece assim. Realmente, é uma ideia que está longe do patrimônio", continuou. "Existem soluções recomendadas por especialistas há anos, até décadas", como a de "aumentar a taxa de turismo em algumas dezenas de centavos", destacou.

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