Espanha vive dias de luto oficial após enchentes que já deixaram mais de 150 mortos; veja imagens

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez, decretou três dias de luto nacional a partir desta quinta-feira (31) em respeito às vítimas das enchentes que atingiram a região de Valência, na noite da última terça-feira (29). Segundo os números mais recentes divulgados pelas autoridades, 158 pessoas morreram e muitas ainda seguem desaparecidas.

Além de decretar os dias de luto oficial, Pedro Sanchez também disse que todos os meios serão disponibilizados para "nos recuperarmos dessa tragédia", relata o correspondente da RFI em Madri, François Musseau.

O transporte ferroviário e aéreo na região continua suspenso e o trem de alta velocidade entre Madri e Valência só voltará a funcionar na próxima semana, informaram as autoridades. Duas estradas continuam cortadas, repletas de caminhões capotados. O primeiro-ministro visita as áreas afetadas nesta quinta-feira e pediu aos moradores que permaneçam atentos durante a emergência. "Não vamos deixá-los sozinhos", garantiu.

Estas foram as piores inundações na Espanha desde as enchentes que deixaram 300 mortos em outubro de 1973.

"Foi tão repentino"

As imagens de ruas transformadas em torrentes e de carros sendo rebocados percorreram o mundo. Os moradores foram surpreendidos pela violência sem precedentes do fenômeno. Enxurradas de água e lama varreram as ruas de Letur, um pequeno vilarejo montanhoso na província de Albacete, arrastando tudo o que estava em seu caminho.

Julián Gil, diretor de uma escola, disse que ele e seus alunos viveram uma situação inimaginável. "Foi tão repentino. Nunca vimos isso antes. Na terça-feira, por volta das 13h15, durante o intervalo do meio-dia, o rio que atravessa nosso vilarejo, Letur, subitamente transbordou e varreu tudo o que estava em seu caminho. Ele levou troncos de árvores e casas. Foi um verdadeiro desastre. Vocês não podem imaginar como eu e os alunos ficamos assustados. Estávamos dentro da escola, em uma das salas de aula, e podíamos ver o rio descendo a montanha com toda aquela água", disse o professor.

A situação nos arredores de Valência continua extremamente difícil. Na noite de quarta-feira, muitas pessoas deixaram suas casas em Paiporta e Picanya, duas áreas particularmente atingidas nos arredores de Valência, onde houve o maior número de vítimas.

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Essas pessoas saíram a pé com seus animais de estimação e algumas bolsas ou malas para se abrigar nas casas de parentes. Em contrapartida, alguns moradores preferiram ficar onde estavam, apesar da falta de água e eletricidade, para manter suas casas, já que alguns roubos e saques a supermercados foram registrados na localidade. 

Mil soldados da unidade de emergência continuam a vasculhar a região em busca dos desaparecidos. Os esforços feitos pelo governo espanhol de esquerda não impedem as críticas feitas pelo governo regional de direita. Segundo ele, Madri não teria dado ouvidos aos avisos da Agência Meteorológica Nacional e teria informado a população valenciana oito horas depois das chuvas.

Enquanto isso, milhares de pessoas estão à procura de seus veículos. Estima-se que pelo menos 5 mil casas, edifícios, pontes e estradas tenham sido totalmente destruídos por essa tempestade violenta sem precedentes.

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