Poluição 'sem precedentes' fecha escolas por uma semana em cidade do Paquistão

Lahore, segunda maior cidade do Paquistão, vai fechar as escolas até o ensino fundamental durante uma semana para evitar que milhões de crianças sejam expostas ao smog, uma névoa de poluição que tem atingido níveis recordes diariamente. O anúncio foi feito neste domingo (3) pelo governo local.

"Com os ventos vindos da Índia em direção a Lahore e os picos de poluição, (...) as escolas de educação infantil e fundamental serão fechadas por uma semana", declarou Marriyum Aurangzeb, ministra do governo do Estado do Punjab, em uma coletiva de imprensa.

"Todas as classes" que atendem crianças até 10 anos, "públicas e privadas, sob a jurisdição da cidade de Lahore, devem permanecer fechadas por uma semana a partir de segunda-feira", informou uma decisão do governo local consultada pela AFP. Este documento indica que a situação será reavaliada no próximo sábado para decidir se a medida será prorrogada.

'As previsões meteorológicas indicam que a direção dos ventos deve permanecer a mesma nos próximos seis dias', afirmou Jahangir Anwar, alto responsável pela proteção ambiental do governo de Punjab, à AFP.

Frequentemente, Índia e Paquistão, países vizinhos com relações tensas, se acusam mutuamente de causar picos de poluição no território um do outro.

O smog é uma combinação de névoa e emissões poluentes intensificada pelo uso de diesel de baixa qualidade, queimadas agrícolas sazonais e resfriamento no inverno. A exposição prolongada ao smog pode causar acidentes vasculares cerebrais, doenças cardíacas, câncer de pulmão e doenças respiratórias, especialmente em crianças.

'O smog é muito perigoso para as crianças, e o uso de máscaras será obrigatório nas escolas; estamos atentos à saúde dos alunos nas classes mais avançadas', acrescentou a ministra Aurangzeb. Ela também destacou que foram instalados postos de atendimento 'smog' nos hospitais, afirmando que o episódio de smog é mais perigoso do que o de Covid.

Poluição 'sem precedentes'

No sábado, a concentração de micropartículas PM2.5 no ar de Lahore ultrapassou em mais de 40 vezes o nível considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde. No domingo, esse nível foi novamente ultrapassado pela manhã antes de cair ligeiramente.

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Lahore já proibiu no centro da cidade os tuk-tuks poluentes, churrasqueiras e certas obras de construção. A partir de segunda-feira, metade dos funcionários públicos e privados deve trabalhar de casa, e as escolas estão proibidas de realizar atividades esportivas ao ar livre até o final de janeiro.

No sábado, o índice de qualidade do ar ultrapassou 1.000 em Lahore, uma cidade de 14 milhões de habitantes, sendo que o ar é considerado 'ruim' a partir de 180 e 'perigoso' acima de 300, segundo esse índice. No domingo, o índice voltou a registrar picos acima de 1.000, descritos pelo governo de Punjab como 'sem precedentes'.

No último inverno, as horas de aula foram reduzidas no Punjab devido ao smog, as férias foram prolongadas, e o uso de máscaras foi tornado obrigatório.

O smog se intensifica particularmente no inverno, quando o ar frio e mais denso retém as emissões de combustíveis de baixa qualidade usados para alimentar veículos e fábricas da cidade. O Paquistão, o quinto país mais populoso do mundo, está cada vez mais vulnerável a fenômenos meteorológicos extremos que cientistas associam às mudanças climáticas.

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