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'Limpeza social' de Paris nas Olimpíadas despejou 20 mil, denuncia coletivo

Polícia francesa durante as Olimpíadas de Paris 2024 Imagem: Martin Rickett/PA Images via Getty Images

04/11/2024 12h17Atualizada em 04/11/2024 13h55

Pelo menos 260 locais, incluindo acampamentos, favelas e outras moradias improvisadas nas ruas, foram esvaziados entre abril de 2023 e setembro de 2024, antes e durante as Olimpíadas de Paris. As ações das autoridades francesas para preparar a capital para o evento levaram ao despejo de mais 19 mil pessoas na região parisiense, segundo um relatório divulgado nesta segunda-feira (4) por um coletivo formado por mais de cem associações francesas.

Pelo menos 260 locais, incluindo acampamentos, favelas e outras moradias improvisadas nas ruas, foram esvaziados entre abril de 2023 e setembro de 2024, antes e durante as Olimpíadas de Paris. As ações das autoridades francesas para preparar a capital para o evento levaram ao despejo de mais 19 mil pessoas na região parisiense, segundo um relatório divulgado nesta segunda-feira (4) por um coletivo formado por mais de cem associações francesas.

A população que vivia nesses locais foi retirada entre 26 de abril de 2023 e 30 de setembro de 2024, segundo o coletivo francês Le Reverse de la Médaille (O Reverso da Medalha em tradução livre).

No mesmo período, pelo menos 19.526 pessoas foram despejadas de suas casas, o que representa um aumento de 33% em relação ao período 2021-2022 (13.124) e quase estável em relação a 2022-2023 (19.777).

Em seu relatório, o coletivo denuncia uma "limpeza social" associada às Olimpíadas organizadas na capital francesa. O maior aumento envolve o número de menores despejados: pelo menos 4.550 foram expulsos, três vezes mais do que no período 2021-2022 (1.527) e quase o dobro do período 2022-2023 (2.637).

Coletivo propõe cidade-sede fixa

"Tivemos um ano excepcionalmente excludente para as pessoas mais vulneráveis da região de Ilê-de-France (região metropolitana da França que inclui a capital Paris)", disse à agência AFP Paul Alauzy, coordenador da associação Médicos do Mundo e porta-voz do coletivo, acrescentando que a "limpeza social" permanecerá como uma "mancha" na "pausa encantada" proporcionada pela Olimpíada de Paris neste ano.

Para evitar tais práticas, as associações francesas recomendam "o acesso a informações equilibradas, gratuitas e de qualidade e a organização de consultas abertas com atores da sociedade civil muito antes dos Jogos", além de consultas sistemáticas à população da cidade anfitriã.

"Organizar a Olimpíada todos os anos no mesmo lugar e promover sua transmissão online, em vez de incitar turistas do mundo inteiro a visitarem uma cidade por um período tão curto de tempo, poderia resolver muitas questões, incluindo a limpeza social, gentrificação e fatores ecológicos", acrescenta o relatório.

(Com informações da AFP)

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