Jovens acompanham eleições em festa democrata na universidade onde Kamala Harris se formou
Em Washington D.C., a Howard University, onde estudou Kamala Harris, foi o local escolhido pela campanha da vice-presidente para recepcionar eleitores que aguardavam os primeiros resultados. A universidade, tradicionalmente associada à luta pelos direitos civis e à política progressista, se transformou em um ponto de encontro para muitos jovens que apoiam a democrata.
Luciana Rosa, correspondente da RFI em Washington
Entre o público estava uma estudante de 20 anos da Universidade de Georgetown, que, motivada pela questão palestina, optou por votar em um terceiro candidato. Ela preferiu não se identificar, temendo retaliações.
Usando um keffiyeh, tradicional lenço árabe, a jovem explicou que o tratamento da questão palestina pelos principais partidos foi decisivo em sua escolha.
"Esta é uma eleição muito difícil porque, para muitos eleitores, um dos temas mais urgentes agora é a Palestina. Nenhum dos partidos está realmente discutindo isso", afirmou. "É difícil saber o que vai acontecer, especialmente quando uma questão tão crítica está sendo ignorada."
A estudante destacou que seu voto em um candidato de terceira via foi uma forma de protesto contra políticas que considera prejudiciais. "Votei em um terceiro partido porque não me senti confortável em apoiar nada que, para mim, se alinha com genocídio. Acho que isso também passa a mensagem de que é preciso abordar questões críticas. Se esperam que todos votem em democratas ou republicanos, precisam incluir todos nas discussões."
Insatisfação crescente
A postura da jovem reflete uma insatisfação crescente entre eleitores, especialmente jovens, que buscam alternativas políticas em um cenário de polarização e de temas sensíveis sendo desconsiderados.
Brandon Hyde e Alex Hayden, amigos que se autodenominam "Homens Brancos por Kamala", viajaram de Dallas para acompanhar os resultados na festa da Howard University. Eles demonstraram otimismo em relação ao impacto da candidata nos direitos reprodutivos.
"Estamos acompanhando os primeiros números, e parece que Trump pode perder em Ohio, o que é surpreendente, já que é o estado natal de seu vice-presidente", comentou Brandon. "Vai ser uma disputa acirrada, mas estamos com os dedos cruzados."
Questionados sobre os riscos de violência, Alex e Brandon se mostraram tranquilos, mas conscientes do clima tenso. "Não estamos particularmente com medo, mas nunca se sabe, dado o histórico recente", afirmou Alex.
Os dois observaram as medidas de segurança em D.C., como os tapumes em prédios públicos, e reconheceram a possibilidade de protestos, mas não acreditam em grandes perigos.
Caleb Kerr, 22 anos, estudante de Ciência Política de Boston, também estava presente na festa, usando uma camiseta com o nome "Philadelphia".
"Para ser honesto, estou empolgado, mas não fiz muita pesquisa. Esta é uma marca de cream cheese também", explicou. Apesar da explicação descontraída, a camiseta tem um simbolismo importante, já que Filadélfia é a capital da Pensilvânia, um estado-chave nas eleições, onde cada voto pode ser decisivo.
Caleb expressou otimismo quanto ao futuro, independentemente do resultado da eleição. "Estou confiante de que, seja qual for o resultado, vamos nos unir como americanos e ter esperança no futuro", afirmou.
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Quero receberPara ele, Kamala Harris representa essa esperança. "Acho que o que Harris representa é esperança para o futuro. E acredito que somos capazes de superar o medo e esses sentimentos que nos pressionam a falar mal uns dos outros."
O clima de votação na capital americana
A terça-feira de votação foi tranquila em Washington D.C., um reduto democrata. As urnas abriram cedo, às 7h no horário local, e muitos eleitores, como Boris Espinoza, advogado peruano que mora na cidade há 20 anos, votaram logo pela manhã.
Em entrevista à RFI na Biblioteca Memorial Martin Luther King Jr., um dos pontos de votação da cidade, ele compartilhou suas reflexões sobre o processo eleitoral e a importância do voto em D.C.
"Eu estava animado para votar, mas aqui em Washington o voto não faz muita diferença, já que a cidade é muito democrata", comentou Boris. Para ele, a verdadeira importância do voto está nos estados decisivos. "Comparado a outros lugares, como os estados-pêndulo, onde você realmente não sabe quem vai vencer, é diferente. Esses estados são os que fazem a diferença."
Esta é a terceira vez que Boris vota para presidente. Ao ser questionado sobre sua escolha, ele revelou que apoiou Kamala Harris. "Na verdade, nesta eleição, é a primeira vez que sinto que ela é a opção menos Eu não gosto muito dela, mas o Trump é pior", disse.
Boris também expressou preocupações sobre a falta de opções melhores. "Talvez o governador Shapiro da Pensilvânia seria uma escolha melhor, se não estivéssemos na situação em que estamos agora", afirmou, referindo-se ao clima eleitoral acirrado.
Quando perguntado sobre as chances de Kamala Harris ser eleita, Boris demonstrou otimismo. "Espero que sim. Eu me tornei um otimista nos últimos dois dias", disse. Ele explicou sua mudança de perspectiva, destacando que, nas últimas 48 horas, Harris parecia ter ganhado um pouco de impulso nas pesquisas, que anteriormente favoreciam Trump.
Em um cenário eleitoral em constante mudança, Boris Espinoza reflete a incerteza e a esperança que muitos eleitores sentem enquanto aguardam o resultado das eleições.
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