Ataque israelense a residências na Faixa Gaza deixa dezenas de mortos a maioria crianças
A Defesa Civil palestina em Gaza anunciou no domingo (10) a morte de ao menos 30 pessoas, a maioria crianças, em ataques aéreos israelenses a residências na Faixa de Gaza. Enquanto isso, o Catar confirmou no sábado (9) a suspensão de sua participação nas negociações por um cessar-fogo entre o Hamas e Israel.
De acordo com equipes de socorro palestinas, um primeiro ataque deixou "pelo menos" 25 mortos, "incluindo 13 crianças", numa casa de família em Jabalia, no norte de Gaza, e "mais de 30 feridos" no início da manhã de domingo.
Os serviços de emergência palestinos também relataram outro ataque israelense a uma residência no bairro de al-Sabra, na cidade de Gaza, que deixou cinco mortos e outros desaparecidos. "Vários civis continuam sob os escombros", informaram as equipes de socorro.
As possibilidades de um cessar-fogo na região parecem cada vez mais distantes. O Catar confirmou no sábado ter suspendido seu trabalho de mediação entre Israel e o Hamas até que as duas partes provem engajamento nas negociações de paz. Durante meses Doha participou dos esforços de mediação, mas após uma curta trégua no final de novembro de 2023, as discussões não levaram a nenhum compromisso. As duas partes se acusam mutuamente de bloquear qualquer acordo para um cessar-fogo.
Israel e o Hamas foram informados há dez dias desta decisão, garante Doha.
Futuro das negociações em risco
Mas a decisão de Doha ainda é reversível, de acordo com especialistas. O Catar não se retirou completamente das discussões, mas resta saber se os líderes do Hamas irão deixar a capital para um novo destino.
O Catar precisou que o escritório do Hamas em Doha continuará aberto, desmentindo informações de uma fonte diplomática segundo a qual ele poderia ser fechado.
Após o anúncio, milhares de manifestantes reunidos nas ruas de Tel Aviv como todos os sábados expressaram temores sobre a vida dos reféns israelenses do Hamas que estão na Faixa de Gaza.
Para os palestinos, a decisão de Doha não é uma surpresa, de acordo com a correspondente da RFI em Jerusalém, Alice Froussard. Os palestinos entrevistados dizem já não acreditar em negociações, enquanto a situação em Gaza apenas piora.
"Será difícil substituir o Catar, mas acho que a Turquia e o Irã poderão desempenhar um papel importante", explica Hasni Habidi, diretor do Centro de Estudos e Pesquisa sobre o Mundo Árabe e Mediterrânico, em Genebra. "Os iranianos estão exultantes [com esta perspectiva]. O antigo líder do Hamas, Yayah Sinwar, tinha boas relações com Teerã, o que significa que é a linha próxima do Irã que deve ser reforçada", afirma.
"Alguém tem que mediar"
Embora a direita israelense esteja satisfeita com a decisão do Catar, as famílias dos reféns, que querem um acordo que permita sua volta, não têm a mesma opinião. Reunidos no sábado nas proximidades da residência do primeiro-ministro israelense, em Tel Aviv, em protesto para exigir a libertação dos reféns, os manifestantes estavam bastante pessimistas.
"Instintivamente, eu diria que é uma coisa boa. Mas alguém tem que mediar. Não tenho confiança na reação do Hamas. Infelizmente, acho que eles estão bastante satisfeitos com a situação atual", explica Israel Kemo à RFI.
Para Lorraine, a mediação do Catar estava fadada ao fracasso. "Neste momento, perdi toda a esperança de que haja alguém de ambos os lados que queira negociar a libertação dos reféns. Então, eu não acho que isso terá qualquer influência", lamenta.
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Quero receber"Em princípio, é triste e uma pena. Este pode ser um obstáculo que irá torpedear tudo. Ou, pelo contrário, fará com que as coisas aconteçam. Não sei. Mas devemos ter esperança", acredita Ofir.
Os 101 reféns israelenses do Hamas continuam detidos em Gaza, a mais de 400 dias, e a guerra no enclave palestino continua.
O Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza anunciou no domingo um novo balanço de vítimas de 43.603 no território palestino desde o início da guerra com Israel, há mais de um ano.
Pelo menos 51 pessoas morreram nas últimas 24 horas, segundo a mesma fonte em um comunicado, acrescentando que 102.929 pessoas ficaram feridas na Faixa de Gaza desde o início da guerra, desencadeada por um ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023.
(RFI e AFP)
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