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Parlamentar russo alerta para risco de "guerra mundial" após EUA autorizar uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia

18/11/2024 06h45

A autorização dos EUA que permite a Kiev o uso de mísseis americanos de longo alcance em ataques à Rússia, anunciada  neste domingo (17), "não mudará em nada" a estratégia de Moscou. A afirmação foi feita nesta segunda-feira (18) por Andrei Kartapolov, presidente do comitê de defesa da câmara baixa do Parlamento russo, à agência estatal Ria Novosti.  

Os objetivos estabelecidos pelo presidente russo Vladimir Putin na Ucrânia "serão alcançados", acrescentou o deputado. Andrei Kartapolov explicou que, para combater os mísseis de longo alcance, seria necessário "impedir que os aviões decolassem".

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"Estamos nos concentrando nessa tarefa. Isso é uma prioridade, porque se um avião não decolar, o míssil não será lançado", ressaltou. Embora os ucranianos "afirmem que visem alvos militares, muitas vezes atingem cidades e áreas povoadas, o que é um risco real", continuou.

"Acho que eles não vão nos pegar desprevenidos. Estou convencido disso", acrescentou outro parlamentar, Vladimir Jabarov, membro do comitê de assuntos internacionais da câmara alta.

"Mas isso não deixa de ser uma decisão sem precedentes e muito importante para dar início à Terceira Guerra Mundial. Os americanos o farão por impulso de um "velho" (NR: o presidente americano Joe Biden) que está prestes a deixar o cargo e não será mais responsável por nada em dois meses", completou. Ele alertou que "a resposta da Rússia será imediata".

A Rússia anunciou na manhã desta segunda-feira (18) ter derrubado 59 drones ucranianos sobre as áreas situadas na fronteira com a Ucrânia e na região de Moscou.

A China reagiu ao anúncio feito pelos EUA nesta segunda-feira, pedindo um "cessar-fogo e uma solução política". "O mais urgente é encorajar uma diminuição das tensões o mais rápido possível", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, durante sua uma coletiva diária de imprensa.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, falou sobre a importância da "capacidade de longo alcance" para seu Exército, mas lembrou que operações militares "não são anunciadas". 

Os mísseis americanos, com alcance máximo de várias centenas de quilômetros, permitiriam à Ucrânia atingir infraestruturas logística do Exército russo e os aeroportos de onde decolam os aviões que atuam nos bombardeios.

Represália a envio de tropas norte-coreanas

Os mísseis ATACMS fornecidos pelos EUA devem ser usados inicialmente na região fronteiriça russa de Kursk, para onde tropas norte-coreanas foram enviadas em apoio aos combatentes russos, de acordo com o jornal The New York Times, que citou autoridades americanas. 

De acordo com Kiev, cerca de 11.000 soldados norte-coreanos já estão mobilizados na Rússia e teriam iniciado combates na região, parcialmente controlada por tropas ucranianas.

O anúncio de Washington neste domingo seria uma resposta ao envio de tropas norte-coreanas e ocorre algumas semanas antes da chegada de Donald Trump ao poder. Em setembro, Vladimir Putin alertou que essa decisão "significaria nada menos do que o envolvimento direto dos países da OTAN na guerra na Ucrânia".   

Intensos bombardeios

O presidente americano Joe Biden autorizou a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance dos Estados Unidos contra alvos militares na Rússia horas após um grande bombardeio russo contra a rede elétrica ucraniana. O ataque gerou uma onda de condenações internacionais contra a Rússia.

Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, os bombardeios são "inaceitáveis", já que tiveram como alvo "civis e instalações energéticas".

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, considerou os ataques "horríveis" em uma entrevista à GloboNews no Rio, onde ocorrerá a cúpula do G20 entre segunda e terça-feira. "Apoiaremos a Ucrânia pelo tempo que for necessário", afirmou.

Nesta segunda-feira, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que atingiu todos os alvos contra "infraestruturas de energia essenciais de apoio ao complexo militar-industrial ucraniano".

A Rússia destruiu metade da capacidade energética da Ucrânia com os ataques de drones e mísseis em quase três anos de ofensiva, segundo Kiev.

Por isso Zelensky pedia há muito tempo a autorização para usar armas ocidentais de longo alcance para atacar as bases de onde a Rússia lança seus bombardeios e combater o avanço das tropas russas no leste.

Fim da guerra?

No início do mês, Putin recebeu vários líderes mundiais em uma reunião de cúpula dos Brics.

A recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos provocou a retomada do debate sobre possíveis negociações com Moscou. Kiev teme ser obrigada a aceitar concessões.

Trump criticou em várias ocasiões a ajuda de seu país à Ucrânia e afirmou que seria capaz de resolver o conflito em "24 horas", mas sem revelar como.

Zelensky, que por muito tempo descartou a opção, afirmou no sábado (16) que deseja acabar com a guerra em seu país em 2025 por "meios diplomáticos".

As posições russa e ucraniana são opostas: Kiev descarta ceder os territórios ocupados pelo Exército russo, mas Moscou afirma que esta é uma condição que não pode ser negociada.

Com informações da AFP

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