"Esse encontro merecia ser registrado", diz Bebê Kramer que se apresenta em Paris com o Trio in Uno
O primeiro encontro aconteceu em Paris e, desde então, eles vêm encantando plateias da Europa e do mundo. Bebê Kramer, um dos acordeonistas mais respeitados do Brasil, se juntou ao Trio in Uno, formado pela italiana Giulia Tamanini no saxofone soprano, e os brasileiros José Ferreira, no violão de 7 cordas, e Diego Cardoso, no violoncelo. Juntos, eles assinam o álbum "Destinos", que apresentam numa turnê que já passou pela Itália, antes de ocupar palcos da França e da Bélgica.
Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris
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Idealizado e gravado após o sucesso do primeiro show que o grupo fez na capital francesa, em dezembro de 2023, "Destinos" traz um frescor para músicas latino-americanas bem conhecidas, com interpretações e novas versões para composições de Astor Piazzolla, Radamés Gnattali, Sivuca, César Camargo Mariano, entre muitos outros.
"Nós já éramos amigos antes de ter o trabalho pronto. Em um dado momento da vida, eu vim fazer uma turnê na Europa com outros trabalhos e acabei passando em Paris para a gente tocar no New Morning, onde agora a gente vai se apresentar de novo", conta Bebê Kramer em entrevista à RFI Brasil. "E aí, pensamos que esse encontro merecia ser registrado. Então, entramos para o estúdio e acabamos gravando esse CD 'Destinos', que traz releituras de algumas músicas minhas e desses compositores também", completa. "A gente traz a música brasileira para cá e com versões sofisticadas", define.
O álbum reúne dois instrumentos muito representativos da música brasileira, o violão e o acordeão, enriquecidos com saxofone e violoncelo. "A gente adora essa mistura. É muito bacana", explica o violonista José Ferreira. "Além dos instrumentos mais característicos da música brasileira, tendo o sopro e as cordas na alma, essa mistura dá um tom quase orquestral para esse pequeno grupo", continua. "São instrumentos de natureza diferente, que se completam e que se complementam em muitas possibilidades legais para os arranjos e para o som", observa o músico.
O repertório mistura a espontaneidade da música popular ao requinte da música clássica, agradando a um público diverso. "Tem algo que se parece com a música de câmara, dos arranjos que são pensados, com uma arquitetura própria", explica Diego Cardoso.
"Nós nos conhecemos aqui em Paris, 12 anos atrás" diz à italiana Giulia Tamanini. "Para mim, foi um encontro muito afortunado. Tive muita sorte, pois foi graças a eles que eu descobri a música brasileira, a qual eu me apaixonei, e comecei a tocar, e viajei bastante pelo Brasil", destaca.
Música com sotaque gaúcho
Nascido em Vacaria, no Rio Grande do Sul, Alessandro Kramer, ou melhor, Bebê Kramer, guarda a herança da cultura gaúcha que ele, agora, põe a serviço de estilos diferentes como o chorinho, o samba, o forró e o jazz. "Desde garoto, desde guri, como a gente fala lá, eu sempre tive a cabeça muito aberta para a música e sempre gostei de ouvir outros tipos de discos, de instrumentistas diferentes, de violonistas, saxofonistas e pianistas, além dos acordeonistas todos que me influenciaram, logicamente, principalmente os gaúchos, que foram a minha fonte inicial", afirma Kramer, que se mudou aos 16 anos para Santa Catarina e depois para o Rio de Janeiro. "Isso foi formando um caldo musical, que eu acabei juntando com Trio in Uno, trazendo um pouco dessa coisa fronteiriça do Rio Grande do Sul. E acaba que tudo o que eu faço, sendo choro, samba ou forró, tudo fica com sotaque gaúcho", brinca o músico que tem mais de 20 anos de carreira, vários discos gravados e premiados.
Os shows acontecem dia 28 de novembro em Bruxelas e 30 de novembro em Paris, no New Morning.