Moção de censura pode derrubar governo do premiê francês Michel Barnier
Os jornais franceses desta segunda-feira (2) analisam o suspense na política francesa sobre a possível queda do governo do primeiro-ministro Michel Barnier. O premiê defenderá na Assembleia Nacional o projeto do governo de orçamento da Seguridade Social, e pode ser alvo de uma moção de censura.
O primeiro-ministro francês admitiu que "provavelmente" recorrerá ao artigo 49.3 da Constituição, que permite a aprovação de uma lei sem maioria no Parlamento.
Para o jornal Libération, a utilização desse dispositivo abriria caminho para a esquerda apresentar uma moção de censura, que deverá ser votada em até 48 horas e terá provavelmente o apoio do partido Reunião Nacional, de extrema-direita.
De acordo com o diário, "o governo não ouviu a mensagem dos franceses nas últimas eleições legislativas", convocadas pelo presidente francês, Emmanuel Macron, após a dissolução da Assembleia Nacional, em junho.
Após a votação, nenhum grupo político obteve a maioria, mas a coalizão formada pelos partidos de esquerda teve mais votos.
Segundo o Libé, ao aceitar o cargo de primeiro-ministro, "Barnier também deu as costas aos franceses" e, pior do que isso, "se mostrou sensível às demandas da extrema-direita".
Para o jornal Le Figaro, Michel Barnier sabe que o futuro de seu governo está nas mãos dos parlamentares e pede responsabilidade para todos os partidos.
Valorização das aposentadorias
A extrema-direita, de Marine Le Pen, diz não abrir mão da valorização das aposentadorias em relação à inflação e defende a manutenção do reembolso dos medicamentos para a população.
O governo propôs a desindexação parcial das pensões e um corte no reembolso de certos remédios. Essas medidas integram o pacote de corte de gastos prometido pelo governo Barnier.
Para o jornal Les Echos, o anúncio de Barnier, que prometeu não aumentar as tarifas sobre a energia elétrica, é insuficiente para evitar a sua saída do governo.
Ainda segundo o jornal, o Reunião Nacional "relativiza" o cenário de uma possível moção de censura. Para o partido de extrema direita, "não há motivo para pânico, apenas seria necessário recomeçar do zero", caso essa situação se concretize. Aliados do presidente francês, Emmanuel Macron, não acreditam que Le Pen iria tão longe.
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