Qual o futuro político da Coreia do Sul após o impeachment de Yoon Suk-yeol?

Na Coreia do Sul, a destituição do presidente Yoon Suk-yeol no sábado (14) gera incertezas sobre o futuro de seu partido, após a tentativa do ex-chefe de Estado de impor a lei marcial no país.

Nesta segunda-feira (16), Han Dong-hoon renunciou à liderança do Partido do Poder Popular (PPP). Ele alegou que o apoio à lei marcial é contrário aos valores da legenda.

Doze parlamentares do partido governista se aliaram à oposição, o que possibilitou a votação de sábado (14) a favor do impeachment. 

Mas, segundo o correspondente da RFI em Seul, Célio Fioretti, 85 deputados da legenda ficaram do lado do chefe de Estado, apesar de sua tentativa de golpe militar.

Além de Han Dong-hoon, outros líderes do PPP também anunciaram sua intenção de renunciar de seus cargos. 

Julgamento

O Tribunal Constitucional iniciou nesta segunda-feira as reuniões sobre a cassação de Yoon Suk-yeol e terá 180 dias para validar o impeachment do ex-presidente. A próxima audiência foi marcada para 27 de dezembro.

O presidente do Tribunal promete um "procedimento rápido e justo", mas "isso não é tão simples", de acordo com Christophe Gaudin, professor de Ciência Política na Universidade Kookmin, em Seul.

Segundo o cientista político, as decisões serão tomadas no "dia a dia", mas também em função da pressão da população. "Os protestos continuam apesar do frio que está fazendo em Seul. As pessoas não estão cedendo. "

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Yoon Suk-yeol corre o risco de ser preso? 

O líder da oposição, Lee Jae-myung, pediu no domingo ao Tribunal Constitucional analise rapidamente a situação do presidente deposto Yoon Suk-yeol. 

O objetivo é que o país possa se recuperar da "turbulência nacional" e da "situação absurda" criada pela imposição da lei marcial em 3 de dezembro.

Acusado de "rebelião", Yoon Suk-yeol pode ser condenado à prisão, segundo Christophe Gaudin. "Todos os presidentes deste partido populista de direita, após seu mandato, acabaram na prisão. Havia cinco deles e todos acabaram presos, por terem se envolvido em casos de corrupção ou conspiração em alto nível", diz. 

De acordo com o cientista político, é provável que Yoon Suk-yeol seja detido, já que está proibido de sair do país.

A lei sul-coreana prevê a pena de morte para crimes de rebelião. Mas, na realidade, ela não é aplicada desde 1997. "Apesar de todos esses presidentes populistas de direita terem acabado na prisão, eles foram rapidamente libertados", conclui Christophe Gaudin.

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Se os tribunais confirmarem o impeachment de Yoon Suk-yeol, a expectativa é que haja a convocação de uma nova eleição presidencial. A oposição já está se preparando para o pleito e tem chances diante do enfraquecimento do partido governista.

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