Oriente Médio entra em 2025 com clima de incerteza após ano de tensão extrema

No Oriente Médio, 2024 será lembrado pela rápida e inesperada queda do regime de Bashar al-Assad na Síria. Além disso, a guerra em Gaza continuou com um grande número de vítimas, enquanto o conflito entre Israel e o Hezbollah libanês se intensificou. A região viveu um ano de extremas tensões e entra em 2025 diante de profundas incertezas.

Nicolas Falez, da RFI em Paris

Os sírios começam o novo ano sem saber exatamente qual será o futuro do país após a queda de Bashar al-Assad na Síria. O Hezbollah libanês foi desestabilizado pelos bombardeios israelenses que reduziram seu arsenal e abateram seu líder, Hassan Nasrallah. O Hamas palestino também perdeu dois de seus principais chefes, Ismaël Haniyeh (morto em Teerã) e Yahia Sinwar (morto em Gaza).

No Oriente Médio, 2024 termina com um enfraquecimento histórico do "Eixo de Resistência" formado pelo Irã e seus aliados regionais. A frente formada por Teerã em apoio aos palestinos após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023 é cada vez mais instável, já que a própria República Islâmica entra no ano mais vulnerável desde os ataques israelenses visando algumas de suas instalações militares em outubro.

No início de 2025, apenas os houthis no Iêmen ainda conseguem desestabilizar um pouco os israelenses, levando milhares de pessoas para os abrigos quando soam os alertas de mísseis. Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, os rebeldes iemenitas lançaram mísseis e drones contra Israel, em solidariedade com os palestinos, mas também visaram navios ligados aos Estados Unidos ou ao Reino Unido que navegam através do Mar Vermelho e do Golfo de Aden. Nos últimos dias, os houthis intensificaram a sua ofensiva contra Israel, que bombardeou o aeroporto de Sanaa na quinta-feira (26).

Superioridade militar israelense

No entanto, quinze meses após o ataque do Hamas contra Israel, não há dúvidas sobre a superioridade militar do Estado hebreu, que até tomou a liberdade de destruir o arsenal da Síria no momento da queda do regime de Damasco, em dezembro.

Mas se os israelenses se sobressaem militarmente, o país também deve muito ao apoio de seu aliado americano. Embora o governo Biden tenha criticado o governo de Benjamin Netanyahu, os Estados Unidos nunca exerceram pressão suficiente para conter sua corrida militar precipitada na região.

Fica a questão: o Oriente Médio continuará a ser remodelado pela força de ações militares em 2025? O governo Trump, que volta ao poder em janeiro, e o governo Netanyahu podem ficar tentados em visar novamente o Irã e seus aliados, atacando o programa nuclear da República Islâmica, o que pode inflamar ainda mais os ânimos.

Continua após a publicidade

O ano começa com incertezas para os povos da região. Incerteza na Síria, onde a transição começa aos poucos em um país agora dominado pelos islamistas que depuseram Bashar al-Assad. Mas incerteza também para os palestinos, privados de qualquer horizonte que não seja a guerra, a ocupação e a colonização contínua. Hoje, a guerra em Gaza já custou mais de 45.000 vidas.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.