Nicolas Sarkozy começa a ser julgado acusado de ter recebido ajuda financeira de ditador líbio

O quinto julgamento em cinco anos do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi aberto em Paris nesta segunda-feira (6). Desta vez, ele enfrenta acusações, juntamente com três ex-ministros, de financiamento ilegal de sua campanha de 2007 pela Líbia de Muammar Kadafi. 

Vestido com um terno azul-marinho, o ex-chefe de Estado (2007-2012) entrou no tribunal lotado, onde o caso deverá ser julgado por quatro meses, no início da tarde desta segunda-feira em Paris, seguido por câmeras de canais de TV e jornalistas. 

Os outros 11 réus incluem os ex-ministros Brice Hortefeux, Claude Guéant e Éric Woerth, bem como Thierry Gaubert, um colaborador próximo de Nicolas Sarkozy, e o intermediário Alexandre Djouhri. 

Os acompanhantes de Nicolas Sarkozy, 69 anos, insistem que ele é "combativo" e "determinado" a provar sua inocência diante do que sempre descreveu como uma "fábula". 

Sarkozy é acusado, quando era ministro do Interior, de ter firmado um "pacto de corrupção" com o ditador líbio Muammar Kadafi no final de 2005. O acordo teria sido feito com a ajuda de pessoas muito próximas a ele, como seu chefe de gabinete Claude Guéant e Brice Hortefeux, para que o líder líbio "apoiasse" financeiramente sua ascensão à presidência da França. 

As acusações contra Sarkozy são de corrupção, ocultação de desvio de fundos públicos, financiamento ilegal de campanha e conspiração criminosa. 

Ele pode pegar 10 anos de prisão e uma multa de € 375 mil (cerca de R$ 2,4 milhões), além de privação dos direitos cívicos (e, portanto, inelegibilidade) por até três anos.  

Sarkozy já foi condenado em primeira instância

Jean-François Bohnert, o promotor financeiro, disse ao canal BFMTV/RMC na segunda-feira que está "convencido da culpa" com base em "audiências, testemunhas, rastreamento de fluxos financeiros e elementos de assistência mútua fornecidos a nós por 21 países". 

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"Nosso trabalho não é político", disse ele, "temos apenas uma bússola, que é a lei", afirmou. 

Nicolas Sarkozy já foi condenado em primeira instância e após recurso por financiamento ilegal de campanha. Ele pegou um ano de prisão, incluindo seis meses sob monitoramento eletrônico, uma pena inédita para um ex-chefe de Estado na França. O ex-líder da direita recorreu à Corte de Cassação (a mais alta corte do sistema judiciário francês) nesse caso relacionado às despesas excessivas de sua campanha presidencial derrotada em 2012. 

Sarkozy ainda não está usando a tornozeleira eletrônica - isso pode levar várias semanas - o que lhe permitiu passar as férias de Natal nas Ilhas Seychelles com sua esposa, a cantora italiana Carla Bruni, e sua filha. 

O julgamento começará com a chamada dos 12 réus, das partes civis e das testemunhas, antes das questões processuais, que deverão ocupar o tribunal durante a primeira semana.  

As audiências ocorrerão nas tardes de segunda, quarta e quinta-feira até 10 de abril. De acordo com sua comitiva, Nicolas Sarkozy estará presente em cada audiência durante o primeiro mês, que será dedicado ao financiamento suspeito. Outros aspectos do caso serão tratados nas semanas seguintes. 

"Ele combaterá a construção artificial imaginada pela acusação. Não há financiamento líbio da campanha", disse seu advogado, Christophe Ingrain. 

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Nicolas Sarkozy contesta tudo 

Nicolas Sarkozy contesta tudo: para ele, as acusações dos líbios não passam de "vingança" explicada por seu apoio ativo aos rebeldes líbios na época da Primavera Árabe que levou à queda de Kadafi, morto em outubro de 2011.

A promotoria acredita que o "pacto de corrupção" foi feito no outono de 2005 em Trípoli, sob a tenda de Muammar Kadafi, que era conhecido por ser muito generoso com seus visitantes estrangeiros. 

Naquela época, Sarkozy era um ministro ambicioso e de alto nível, de olho na eleição presidencial. Sua visita à Líbia foi oficialmente dedicada à imigração ilegal. 

A promotoria não conseguiu estabelecer o valor total exato do suposto financiamento. Mas, após 10 anos de investigação, um "conjunto de indícios" convenceu os juízes de instrução.  

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Em primeiro lugar, Kadafi foi recebido com grande pompa em 2007 por Nicolas Sarkozy, o presidente recém-eleito, durante uma visita polêmica a Paris, a primeira em três décadas. Na época, o líder líbio instalou uma tenda nos jardins do hotel Marigny, uma das residências do presidente, situada perto do palácio do Eliseu, no 8º distrito da capital.

Houve também a assinatura de grandes contratos e uma ajuda judicial para Abdallah Senoussi, diretor de inteligência líbio condenado à prisão perpétua em sua ausência na França por seu papel em um ataque terrorista em 1989, que custou a vida de 170 pessoas, incluindo 54 cidadãos franceses. Cerca de 20 parentes das vítimas desse ataque são partes civis no julgamento. 

(Com informações da AFP)

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