Elon Musk acusa governo britânico de acobertar supostos estupros cometidos por gangues de imigrantes
Líderes do Reino Unido e da Alemanha são alvos de novos ataques do bilionário Elon Musk. Na Inglaterra, o parlamento trouxe para a pauta do dia a reabertura de uma investigação sobre gangues de aliciamento de menores após comentários incendiários de Musk.
Por Yula Rocha, correspodente da RFI em Londres
Elon Musk desta vez usou seu megafone na plataforma X para dizer que 250 mil meninas foram e continuam sendo estupradas por gangues de imigrantes na Grã-Bretanha. Ele acusa o governo trabalhista de acobertar esses crimes, o que não é verdade. O que de fato aconteceu, revelado por investigações independentes, foi a ação de grupos de aliciamento de menores no interior da Inglaterra com participação de homens brancos e de origem paquistanesa.
Diversas recomendações foram dadas para o governo conservador em 2022 e nada foi feito. Mas é verdade dizer também que o governo trabalhista, no poder há seis meses, só mencionou ações de proteção de meninas agora, após as acusações infundadas de Musk.
Casos de abuso sexual na Inglaterra
Esses casos de aliciamento e até de estupros envolvem imigrantes e assim como a extrema direita global, Musk tem uma agenda anti-imigratória muito clara.
No ano passado, houve uma série de ataques de grupos supremacistas brancos a albergues de refugiados na Inglaterra, incentivados por Musk e seus seguidores na plataforma X, o que é considerado um crime aqui.
Logo depois, ele acusou falsamente o primeiro-ministro Keir Starmer de soltar pedófilos das prisões para abrir espaço para os condenados por incitação ao ódio nas ruas e nas redes sociais.
As cadeias aqui estão, sim, superlotadas e, em 2024, o novo governo, como medida emergencial, pôs em liberdade três mil e cem detentos que já haviam cumprido 40% da pena, mas apenas aqueles condenados por crimes mais leves.
O que está por trás do interesse de Elon Musk no Reino Unido
Nada é por acaso. A regulação das redes sociais aqui e na União Europeia é um desses motivos. Desde que Musk comprou a plataforma X, ou seja, desde que essa perigosa ferramenta de influência política foi adquirida por ele, Musk tem usado da retórica de Donald Trump - e agora também do dono da Meta, Mike Zuckerberg - de cerceamento de liberdade de expressão. Musk voltou a repetir que é preciso "salvar os britânicos de um governo tirânico", nas palavras infundadas dele.
As regras de regulação das redes, que ainda vão entrar em vigor na Inglaterra e País de Gales, estabelecem multa de 10% do lucro mundial das empresas que permitirem divulgação de conteúdo ilegal como racismo, incitação à violência e abuso de menores. E o X de Elon Musk vai ser enquadrado nessas regras com a plataforma hoje sem checagem de fatos e sem moderação.
Repercussão
Elon Musk abre a boca e não só os tabloides sensacionalistas daqui, mas toda a imprensa repercute. É importante voltar a falar sobre o interesse político de Musk, agora como conselheiro de Donald Trump às vésperas do retorno do magnata à Casa Branca. Tem eleição na Alemanha mês que vem e Musk está apoiando o partido de extrema-direita.
O Reino Unido é um dos poucos países europeus com um governo mais liberal e, claro, vai ser atacado por Musk nos próximos quatro anos. O bilionário odeia os trabalhistas e também detesta os conservadores.
Ele é contra o status quo e aqui está apoiando o novo partido anti-imigrantes Reform UK não só com palavras, pois ele promete muito dinheiro para financiar a ascensão desse novo grupo de extrema-direita.
Musk promoteu uma revolução e, pelo jeito, pretende influenciar a política não só nos Estados Unidos.
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