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No dia da prisão, militar tentou esconder da PF envelopes com dinheiro vivo | Cid: A sombra de Bolsonaro #1

Do UOL, em São Paulo

03/07/2024 04h00

Uma viatura da Polícia Federal chegou pouco antes das 6h da manhã ao Setor Militar Urbano, bairro de Brasília onde ficam as residências e instalações militares.

A equipe se identificou na portaria da Quadra Residencial dos Generais e comunicou o nome do alvo da ação deflagrada naquele dia: Mauro Cesar Barbosa Cid.

Mas os policiais federais se depararam com uma informação que poderia colocar em risco o êxito daquela operação. Cid havia mudado de endereço e não morava mais ali.

Os bastidores sobre a operação da Polícia Federal que prendeu, no dia 3 de maio de 2023, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, são contados em detalhes no primeiro episódio de "Cid: A Sombra de Bolsonaro", um podcast original do UOL Prime.

A equipe da PF precisou providenciar um novo mandado de busca e apreensão enquanto se dirigia ao novo endereço do tenente-coronel em Brasília.

Ao chegar lá, ainda sem o novo mandado em mãos, a Polícia Federal bateu na porta de Cid e começou a operação pela parte final: dando voz de prisão ao tenente-coronel.

As buscas só começaram 20 minutos depois, quando um novo documento foi expedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Cid abriu um cofre para entregar suas armas aos policiais. Ele tentou fechar rapidamente para que os investigadores não vissem o que mais havia lá dentro.

Mas eles insistiram e vasculharam o conteúdo. De lá, saiu um punhado de envelopes com o timbre do Banco do Brasil América, que indicavam a movimentação de recursos no exterior.

Em um deles, havia R$ 16.000. Em outros, US$ 1.800, US$ 9.000 e US$ 7.000. A Polícia Federal ainda encontrou outros US$ 35 mil (cerca de R$ 180 mil).

A quantia corresponde a dez salários de Mauro Cid, considerando os valores líquidos que ele recebe atualmente do Exército.

Você pode ouvir o podcast no YouTube do UOL Prime, Spotify e em outras plataformas de áudio.

Os pontos principais do episódio

  • Mauro Cid estava prestes a realizar um curso de aperfeiçoamento de Estado-Maior no Exército dos EUA, no fim de 2018, quando foi chamado para ser ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
  • Quem o escolheu foi o general Tomás Paiva, atual comandante do Exército. Ele era o chefe de gabinete do comandante Eduardo Villas Bôas.
  • Cid encarou o convite como uma missão e desistiu da viagem aos EUA para ser a sombra de Bolsonaro por quatro anos. "A escolha foi eminente técnica", explicou Tomás Paiva.
  • Os bastidores do dia em que Polícia Federal bateu na porta dele para prendê-lo por suspeitas de fraudes nos certificados de vacina.
  • A mudança de postura de Cid após a prisão. Ele não aceitava nem ouvir falar em delação premiada. Após se sentir abandonado, trocou de advogado e decidiu falar à Polícia Federal.