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A morte não é mais para sempre: os dilemas da vida eterna digital | Podcast UOL Prime #35

Do UOL, em São Paulo

12/09/2024 05h30

O podcast UOL Prime, apresentado por José Roberto de Toledo, traz nesta quinta-feira (12) bastidores da reportagem do jornalista Rodrigo Ortega sobre o impacto da inteligência artificial na nossa relação com a morte.

Você pode ouvir no arquivo acima a íntegra do episódio, baseado na reportagem "Já dá para comprar 'vida eterna' de parentes via IA; você faria isso?", publicada no UOL Prime — seção com notícias exclusivas e o melhor do jornalismo do UOL.

"A morte não é mais para sempre: empresas se especializaram em criar uma identidade virtual para pessoas que querem deixar uma versão eterna de si mesmas", resume Toledo.

A reportagem investiga como essas empresas usam dados digitais como vídeos, fotos, mensagens e áudios para alimentar algoritmos que tentam reconstruir a personalidade do indivíduo.

A promessa de imortalidade digital desafia a nossa percepção tradicional sobre a finitude da vida.

Rodrigo Ortega explica que startups americanas já oferecem esse serviço a clientes que criam versões digitais de si mesmos antes da morte.

É o caso de Jason e Melissa Gowin que criaram avatares digitais para que o filho pequeno pudesse interagir com eles no futuro. O filho, inclusive, já interage com o "pai robô", conta Ortega.

"Há também 'fantasmas digitais' que foram criados após a morte da pessoa, em geral por alguém que queria ajudar os familiares do falecido", explica o repórter.

Essa prática levanta questões éticas complexas, principalmente quando feita sem o consentimento prévio do indivíduo, colocando em xeque o direito à privacidade, autonomia e imagem após a morte.

A legislação, ainda em desenvolvimento, precisa criar diretrizes mais claras sobre este uso.

Para ilustrar a questão no contexto brasileiro, Ortega apresenta o caso de uma mãe que recebeu uma mensagem em vídeo do filho falecido, criada por inteligência artificial a pedido da tia, que buscava ajudar a irmã a lidar com a perda.

A simplicidade do pedido da tia — "gostaria que você fizesse um vídeo com a imagem dele para mandar uma mensagem para a minha irmã" — contrasta com a complexidade ética e emocional da situação.

A reação da mãe, que a princípio acreditou na veracidade da mensagem, mostra o poder da simulação e levanta uma questão: essa tecnologia, apesar de bem-intencionada, é benéfica para o processo de luto?

"Existe uma crítica grande de psicólogos e especialistas. Isso pode ser muito perigoso, uma constante negação de luto", conta Ortega.

O psicólogo Christian Dunker, entrevistado por Ortega, diz que alguns usos podem ser até benéficos, por ajudar a fechar algum ciclo ou dar sentido a uma partida repentina.

Mas ele alerta para o perigo da "infinitização" do luto: a incapacidade de seguir em frente devido ao apego à simulação digital do ente querido.

O podcast UOL Prime é publicado às quintas-feiras no YouTube do UOL Prime, Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, Deezer e em todas as plataformas de podcast.

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