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Países queimam dinheiro com combustíveis fósseis

16/08/2012 00h01

Como operador de três companhias aéreas que voam em todos os continentes, o Virgin Group é um grande consumidor de combustíveis fósseis. Reconhecendo que as emissões de carbono resultantes do consumo desses combustíveis estão provocando uma catastrófica alteração climática global, o meu papel como líder da companhia é fazer com que ela forneça apoio financeiro a grupos sem fins lucrativos que estão pesquisando fontes de energia renováveis e procurando soluções para o problema da mudança climática, como por exemplo, o Carbon War Room. Nós próprios também estamos investindo nessa área: uma das nossas companhias aéreas, a Virgin Australia, está trabalhando em parceria com a Dynamotive Energy Systems and Renewable Oil para criar um combustível de aviação alternativo que possibilite que a nossa frota global de aeronaves faça a transição para uma fonte de energia limpa. Essa inovação será boa para o planeta, e, no longo prazo, aumentará a lucratividade das linhas aéreas do Virgin Group.

Basta escutarmos os discursos em tom de urgência dos líderes mundiais para percebermos que a maioria dos governos concorda que, embora nós atualmente não disponhamos de nenhuma alternativa limpa e sustentável para os combustíveis fósseis capaz de ser implementada em grande escala, precisamos encontrar uma, e implementá-la rapidamente. Isso nos ajudaria a evitar as piores consequências da alteração climática, como oceanos moribundos e a desertificação generalizada, fenômenos que afetarão pessoas em todo o mundo, e especialmente os pobres.

Entretanto, e infelizmente, os recursos governamentais estão de fato fluindo na direção contrária: segundo um relatório do Conselho de Defesa dos Recursos Nacionais dos Estados Unidos, a partir de 2009 os subsídios globais aos combustíveis fósseis quase que triplicaram, tendo chegado neste ano a aproximadamente US$ 775 bilhões. Enquanto isso, os investimentos oficiais em todo o mundo em fontes de energia limpa foram de apenas US$ 50 bilhões. Essa proporção de investimentos vergonhosa – 15 "dólares sujos" para cada "dólar limpo" – demonstra que o relacionamento perverso entre os governos e as grandes companhias petrolíferas não mudou, e ainda está modelando o futuro do nosso planeta.

Isso significa que o talento para inovações tecnológicas demonstrado por certos empresários e as esperanças deles de construir um futuro baseado em fontes de energia limpas estão sendo suprimidos. Os subsídios aos combustíveis fósseis drenam os orçamentos governamentais, erigindo uma muralha fiscal que bloqueia o apoio governamental às fontes de energia limpas e protege os interesses das indústrias do petróleo.

Essa situação é bem conhecida. Os membros do G-20 e dezenas de outras nações se comprometeram a extinguir gradativamente esses financiamentos. Mas três modalidades de subsídios continuam sendo comuns: os subsídios ao consumo nas nações em desenvolvimento, os subsídios ao consumo nos países ricos desenvolvidos e os subsídios aos produtores de combustíveis fósseis.

Os dois últimos são imperdoáveis. As nações desenvolvidas não têm por que subsidiar as riquíssimas companhias de petróleo, gás e carvão nem os seus consumidores. Essas companhias utilizam contribuições políticas e exércitos de lobistas para fazerem com que os governos ignorem as consequências dessa prática: uma crise econômica ainda pior do que a recessão recente ocorrerá se esses países mostrarem-se incapazes de estimular o crescimento em áreas que possam estimular o aquecimento econômico e criar empregos. 

Grandes companhias petrolíferas como a ExxonMobil, que em 2011 teve um lucro de mais de US$ 40 bilhões, não contratam nem demitem empregados devido aos subsídios fornecidos pelo governo, mas as novas companhias de energias limpas contratarão mais engenheiros e técnicos, e mais profissionais de marketing e gerentes, caso os governos invistam nelas.

Os subsídios ao consumo são mais comuns nos países em desenvolvimento que são os menos capazes de suportar tamanha ineficiência. Para as nações pobres, o fornecimento de combustível aos seus cidadãos a preços inferiores ao do mercado transformou-se em uma armadilha paralisante – qualquer tentativa de modificar essa prática pode custar derrotas eleitorais aos governantes ou provocar convulsões sociais. Mas a Agência Internacional de Energia afirma que somente cerca de 8% dos subsídios beneficiam de fato o grupo dos 20% mais pobres da população mundial. Vários governos, desde a Índia até a Indonésia e a Nigéria, precisam eliminar os subsídios aos combustíveis e fornecer imediatamente pelo menos a metade do dinheiro economizado com isso aos seus cidadãos mais pobres por meio de programas de desenvolvimento.

O Grupo Virgin continua a desenvolver combustíveis alternativos, e cedo ou tarde nós e os nossos concorrentes encontraremos soluções que poderão ser aplicadas em grande escala e se tornar competitivas. Mas, embora várias companhias estejam tentando modificar a situação, são os governos que poderiam e deveriam fazer a grande diferença. Ao taxarem os combustíveis e subsidiarem as fontes de energia renováveis, os governos poderiam fazer com que o cenário se inclinasse para uma direção que conduzisse a um futuro melhor. 

Investimentos estatais feitos atualmente nos fornecedores de energia solar e eólica e de biomassa resultarão em soluções positivas em apenas alguns anos.

Essa questão é urgente. Por favor, peça hoje ao seu representante no congresso que pressione o seu governo para eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis até 2015.