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Lago na Antártida pode guardar 'segredo' de vida alienígena

Cientistas acampam no lago Vida, na Antártida, conhecido por suas condições extrema: ele não tem oxigênio, é ácido e vive congelado, além de possuir os mais altos níveis de óxido nitroso do mundo - Divulgação/Alison Murray/Desert Research Institute
Cientistas acampam no lago Vida, na Antártida, conhecido por suas condições extrema: ele não tem oxigênio, é ácido e vive congelado, além de possuir os mais altos níveis de óxido nitroso do mundo Imagem: Divulgação/Alison Murray/Desert Research Institute

28/11/2012 17h53

Cientistas descobriram micróbios que sobrevivem em condições extremas, como alta salinidade e temperaturas abaixo de zero, em um lago na Antártida, algo que dá indícios de que pode existir vida em luas congeladas do Sistema Solar. 

Foram encontrados micróbios que viviam em um ambiente escuro, em temperaturas de até -13º C. Além disso, eles afirmam que as formas de vida estão isoladas do resto do mundo há 2.800 anos. Detalhes desta pesquisa foram publicados pela revista científica PNAS.

"É plausível que uma fonte de energia para essas formas de vida exista apenas devido à reação química entre a água salgada e as pedras", afirma Christian Fritsen, do Instituto de Pesquisas em Desertos (DRI, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, que é coautor do estudo.

Alison Murray, líder das pesquisas, diz que, se esta hipótese estiver correta, cria-se "uma estrutura completamente nova de pensamento sobre como a vida pode estar apoiada em crio-ecossistemas na Terra e em outros mundos frios do Universo".

A lua Europa, do planeta Júpiter, é um dos lugares que os cientistas dizem acreditar que podem ter condições semelhantes para que esse tipo de vida se desenvolva.

Vida em luas

O Lago Vida, o maior da região dos vales secos de McMurdo, na Antártida, não possui oxigênio, é ácido, congelado e tem os mais altos níveis de óxido nitroso do mundo. Um líquido seis vezes mais salgado do que a água marinha permeia todo o ambiente.

Durante visitas a campo em 2005 e 2010, Alison Murray liderou um trabalho de perfuração, que retirou gelo do lago, coletou amostras do líquido salgado e analisou o potencial da água de hospedar organismos vivos.

Para evitar contaminações ao ecossistema isolado, eles adotaram procedimentos controlados e equipamentos especiais, trabalhando em tendas esterilizadas na superfície do lago.

A abundância de diferentes compostos químicos presentes no lago levou os cientistas a conclusão de que reações químicas estavam acontecendo entre a camada de líquido e os sedimentos mais profundos - produzindo óxido nitroso e hidrogênio molecular.

O hidrogênio pode ser a fonte de energia que alimenta os micróbios presentes no líquido salgado. Além disso, o baixo ritmo do metabolismo desta forma de vida faz com que as reservas de energia durem bastante tempo.

Para Cynan Ellis-Evans, do programa de pesquisas British Antarctic Survey, que não participou desta pesquisa específica, a descoberta de micróbios nesses lagos tão remotos é "muito interessante". O pesquisador cita indícios recém-descobertos de que bolsões de gelo e água possam existir na lua Europa, com condições parecidas aos encontrados no estudo na Antártida.