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Telescópio que usa detectores em tanques d'água produz 1ª imagem

Telescópio HAWC captura luz com 30 detectores instalados no fundo de tanques de água (foto) - HAWC
Telescópio HAWC captura luz com 30 detectores instalados no fundo de tanques de água (foto) Imagem: HAWC

15/04/2013 16h34

Astrônomos divulgaram nos Estados Unidos a primeira imagem feita pelo telescópio HAWC (High-Altitude Water Cherekov Observatory), ou Observatório Cherekov de Raios Gama, como é conhecido no Brasil. Sediado no México, o equipamento detém o recorde de captura de luz com a mais alta energia e funciona com detectores instalados no fundo de tanques d'água.

A imagem da sombra deixada pela Lua, bloqueando luz e partículas, foi revelada em um congresso da Sociedade Americana de Física.

O telescópio, localizado a 4.100 metros de altitude em um parque nacional na cidade de Puebla, é atualmente composto por 30 detectores, que devem ser ampliados para 300 no ano que vem.

Cada um deles está instalado no fundo dos tanques de 4 metros de altura e 7,3 metros de diâmetro preenchidos com água pura, mas eles não capturam os raios cósmicos e raios gama diretamente.

Ao atingirem moléculas na atmosfera da Terra, os raios cósmicos e os raios gama dão início a uma reação envolvendo outras partículas que se movem em alta velocidade, e são essas partículas que o HAWC detecta.

Velocidade da luz

Enquanto a velocidade da luz no vácuo não pode ser ultrapassada, a velocidade em outros meios pode ser bem mais lenta. Quando essas partículas atravessam a água dos tanques do HAWC, elas geram ondas eletromagnéticas que os detectores no fundo dos tanques podem capturar.

Outros telescópios Cherenkov, localizados na Namíbia (África) e nas Ilhas Canárias (Espanha), capturam este processo diretamente da atmosfera, no ponto em que essas partículas chegam à Terra.

Tom Weisgraber, da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, destaca uma das vantagens do HAWC.

Ele diz que enquanto o novo telescópio captura menos eventos deste tipo no alto da atmosfera, ele pode investigar uma quantidade maior destas ocorrências todos os dias e noites.

"Complementamos estes outros instrumentos - mas vemos uma fração muito grande do céu. O HAWC não precisa apontar para uma direção, e não é afetado pelo Sol, a Lua, o tempo ou qualquer outra coisa - ele só depende da atmosfera", diz.

Recorde

O novo telescópio também detém o recorde de captura de luz com a energia mais alta - até 100 TeV, ou seja, luz com dezenas de trilhões de vezes mais energia do que aquela visível pelo olho humano.

Partículas e luz com esse nível de energia fornecem uma nova maneira de analisar fenômenos cósmicos, desde os resquícios de supernovas até gigantes buracos negros.

E é somente quando os capturamos em imagens que podemos entender como essas regiões do Universo criam tais fenômenos.

Apesar dos avanços, no entanto, o HAWC está apenas começando sua missão, e para garantir que seus 30 detectores estão funcionando da forma prevista, a equipe capturou uma imagem justamente de onde se não se esperava que fosse emitido nenhum raio cósmico: a sombra da Lua.

Espera-se que mais um conjunto de cem detectores esteja instalado e em funcionamento até agosto.

"É aí que poderemos realmente começar a fazer um trabalho mais aprofundado", avalia o cientista Tom Weisgraber.