Crime virou série: por que os irmãos Menendez estão voltando ao tribunal?
Os irmãos Lyle e Erik Menendez, condenados em 1996 pelo assassinato de seus pais, José e Kitty Menendez, estão novamente no centro das atenções devido a uma batalha judicial para conseguir a liberdade.
O que aconteceu
Advogados de defesa tentaram reduzir a condenação por homicídio em primeiro grau para homicídio culposo, o que poderia torná-los elegíveis para a libertação. Uma audiência sobre o caso ocorreu nesta segunda-feira (25) e o juiz marcou uma nova audiência para 30 de janeiro. Devem ser ouvidos dois parentes dos Menéndez que apoiam a libertação dos irmãos, hoje com 56 e 53 anos.
A defesa confirmou que ambos acompanharam a sessão, que durou cerca de 40 minutos, por meio de áudio. "Esperamos que, ao final deste processo, consigamos a liberdade dos irmãos", declarou o advogado Mark Geragos ao sair da audiência, cercado por um grupo de jornalistas, segundo a AFP.
O promotor distrital George Gascon disse que as novas evidências, combinadas com uma compreensão mais moderna do abuso sexual, o levaram a solicitar a reconsideração da sentença. Eles alegam que já pagaram sua dívida com a sociedade e que foram vítimas de abuso sexual por parte do pai —o que os teria levado a matar o casal.
O juiz responsável, Michael Jesic, decidiu dar mais tempo para o novo promotor distrital e para o tribunal revisarem os detalhes do caso. A defesa dos irmãos busca reavaliar a sentença e considera alternativas como a redução da acusação de homicídio para homicídio culposo, o que poderia levar à liberdade imediata deles. Outra possibilidade é uma nova sentença para que eles busquem a liberdade condicional.
Membros da família, como as tias de Lyle e Erik, têm defendido a liberação, destacando o suposto trauma que os dois sofreram durante a infância. "Nenhuma criança deveria passar pelo que Erik e Lyle passaram", afirmou Joan Vander Molen, irmã de Kitty. "É inconcebível que uma criança viva cada dia sabendo que naquela noite seu pai pode vir e violentá-la", completou. "Quero que eles voltem para casa. Trinta e cinco anos é muito tempo", disse entre lágrimas Terry Baralt, a irmã mais velha de José.
A atenção sobre o caso foi intensificada após a produção da série da Netflix Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais. A minissérie foi desenvolvida pelas documentaristas Barbara Schroeder e Barbara Kopple, cineastas especialistas em documentários que tratam de temas sociais e emocionais profundos. Na série, Cooper Koch e Nicholas Alexander Chavez interpretam respectivamente Erik e Lyle Menendez e os pais são interpretados por Javier Bardem e Chloë Sevigny.
Figuras públicas também chegaram a manifestar apoio aos irmãos. A empresária e influencer Kim Kardashian é uma delas.
O jornalista Robert Rand, que escreveu um livro sobre o caso e mantém contato frequente com os irmãos, disse que a família "tem esperança". "Não sabem o que vai acontecer. Acredito que isto poderia levar muito mais tempo do que se imaginou originalmente. Podem ser seis, oito meses, um ano, mas por fim sairão", afirmou. "Trata-se de demonstrar apoio e promover a cura, não apenas para as famílias, mas para nós culturalmente", afirmou Nick Bonanno, ex-colega de ensino médio de Erik, que também esteve presente no primeiro julgamento dos irmãos e troca correspondências com eles.
O crime e a condenação
Os irmãos Menendez estão cumprindo prisão perpétua em uma penitenciária em Los Angeles, nos Estados Unidos, pela morte de seus pais. O crime ocorreu em 1989, em Beverly Hills, e chocou a sociedade americana. José e Kitty Menendez foram mortos com tiros na cabeça na mansão onde moravam.
Na época, a Promotoria acusou os irmãos de matar a sangue frio o pai e a mãe para ficar com uma herança de US$ 14 milhões (R$ 81 milhões na cotação atual). José era um imigrante cubano que se tornou executivo do setor musical e Mary Louise "Kitty", uma ex-miss.
O caso, amplamente coberto pela mídia na época, ficou marcado por um julgamento tenso: enquanto a promotoria os acusou de assassinato premeditado para ficar com a herança, a defesa argumentou que os irmãos, que tinham 21 e 18 anos na época, eram vítimas de abuso psicológico e sexual por parte de seu pai controlador e sua mãe negligente.
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