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Dentista americano é acusado de matar leão mais famoso do Zimbábue

ONG do Zimbábue afirma que Cecil foi alvejado por arco e flecha e depois, alvo de tiros - Paula French/AP
ONG do Zimbábue afirma que Cecil foi alvejado por arco e flecha e depois, alvo de tiros Imagem: Paula French/AP

28/07/2015 17h24

Ambientalistas do Zimbábue afirmam que o homem que pagou US$ 50 mil (cerca de R$ 170 mil) para matar o leão mais famoso do país é um dentista norte-americano.

A Força de Preservação do Zimbábue (ZCTF, na sigla em inglês) identificou o turista como sendo Walter Palmer, do Estado de Minnesota, e afirmou que ele alvejou o animal com arco e flecha e um rifle.

Em declaração divulgada nesta terça-feira (28), Palmer admitiu participação na caçada, mas disse que pensava que tudo estava legalizado.

O leão, chamado Cecil, foi depois degolado e teve a pele arrancada, segundo a ZCTF.

Dois cidadãos do Zimbábue que se envolveram no episódio foram acusados de caça ilegal, porque o grupo não tinha permissão para a atividade.

Os homens --um caçador profissional e um fazendeiro-- podem pegar até 15 anos de prisão no Zimbábue caso sejam condenados. Eles deverão se apresentar a um tribunal nesta quarta-feira.

A polícia do Zimbábue confirmou que Palmer também poderá responder por caça ilegal.

"Prendemos duas pessoas e agora estamos procurando por Palmer por envolvimento no mesmo caso", afirmou a porta-voz da polícia Charity Charamba.

O jornal "Star Tribune", de Minnesota, divulgou uma declaração do dentista em que ele reconhece ter abatido o leão, mas afirma que desconhecia o caráter ilegal da empreitada.

Palmer afirma ter pensado que "tudo estava legal e devidamente gerenciado" e disse que confiou na experiência de guias profissionais para "garantir uma caça legal".

"Eu não tinha ideia até o final da caçada que o leão que abati era conhecido e estimado localmente e que usava uma coleira como parte de um estudo", afirma.

"Eu me arrependo profundamente que minha busca por uma atividade que amo e pratico de forma responsável e legal tenha resultado no abate desse leão."

As autoridades locais inicialmente haviam dito que um turista espanhol era o provável responsável pelo crime.

Reação furiosa

O consultório de Palmer estava fechado nesta terça, e um aviso na porta direcionava os visitantes a uma empresa de relações públicas, segundo a imprensa local. A página do dentista no Facebook foi apagada após ser alvo de comentários raivosos, e o site do consultório também saiu do ar.

O Zimbábue, como muitos países africanos, luta para coibir a caça ilegal que ameaça a vida selvagem da região. O leão Cecil, de 13 anos, era uma grande atração turística do parque nacional Hwange, o principal do país.

Estima-se que ele tenha sido morto no último dia 1º, mas a carcaça só foi descoberta dias depois.

A ZCTF afirmou que o grupo usou iscas para atrair o leão para fora do parque, durante uma perseguição noturna. Palmer teria atingido Cecil com flechas, ferindo o animal. O grupo só teria encontrado o animal 40 horas depois, quando Cecil foi morto com disparo de arma de fogo.

O felino tinha um colar GPS como parte de um projeto de pesquisa da Universidade de Oxford, que permitia mapear sua movimentação. Os caçadores tentaram destruir o aparelho, mas sem sucesso, segundo a ZCTF.

Na última segunda-feira, o chefe da ZCTF afirmou à BBC que Cecil "nunca incomodou ninguém".

"Ele era um dos animais mais belos de se observar", disse Johnny Rodrigues.

Os seis filhotes de Cecil agora deverão ser mortos pelo novo macho do grupo, disse Rodrigues, para estimular as fêmeas a cruzar com ele.

"Isso é como a coisa funciona na natureza selvagem. É a natureza tomando seu rumo", afirmou.

Fachada do consultório do dentista Walter James Palmer - Amy Forliti/AP - Amy Forliti/AP
Fachada do consultório do dentista Walter James Palmer, em Bloomington, Minnesota
Imagem: Amy Forliti/AP