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Morre auxiliar de cozinha ferido em explosão no Rio; acidente causou quatro óbitos

Hanrrikson de Andrade*

Especial para o UOL Notícias <br> No Rio de Janeiro

19/10/2011 17h00Atualizada em 19/10/2011 17h22

A Secretaria Municipal de Saúde confirmou nesta quarta-feira (19) a morte do auxiliar de cozinha José Roberto Pereira, 28, um dos feridos na explosão no restaurante Filé Carioca, no centro do Rio de Janeiro. Duas pessoas seguem em estado grave, das quais uma jovem de 18 anos no hospital Souza Aguiar, no centro, e um homem de 46 anos no hospital Miguel Couto, na zona sul. Uma vítima que apresentava quadro clínico estável recebeu alta hoje.

Segundo os médicos, José Roberto sofreu uma lesão ortopédica e vascular na perna, uma fratura no quadril e uma no tórax, além de traumatismo craniano --ele estava no CTI do Souza Aguiar desde a última quinta-feira (13), dia da tragédia.

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Com isso, sobe para quatro o número de vítimas fatais da explosão no Filé Carioca. O acidente --supostamente causada por um vazamento de gás-- provocou a morte de Severino Antônio Tavares, 45, o cozinheiro-chefe do estabelecimento; Josimar Barros, 20, o sushiman, e um jovem de 19 anos identificado como Matheus Maio, universitário que trabalhava em uma agência do Bradesco nos arredores.

No total, 20 pessoas ficaram feridas --apenas dois pacientes continuam internados e ambos correm risco de morte. Um deles, Igídio da Costa Neto, 46, está no CTI do hospital Miguel Couto com traumatismo craniano; ele já passou por cirurgia e está em observação. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o quadro clínico da vítima vem evoluindo nos últimos dias.

No hospital Souza Aguiar está internada com gravidade a garçonete Daniele Cristina Nunes Pereira, 18, com um trauma no abdômen, uma lesão ortopédica e vascular na perna e um traumatismo craniano.

Já Jorge Luís de Souza Lima, 30, que estava em observação em uma sala reservada para pacientes do sexo masculino no hospital Souza Aguiar, foi liberado na tarde desta terça-feira (18). Ele se recupera de uma fratura na calota craniana.

Investigações

O delegado Antônio Bonfim, do 5º DP (Praça Tiradentes), responsável pelas investigações sobre a explosão disse, na noite desta terça-feira (18), que há uma sucessão de erros no caso. "Temos que entender que isso foi uma sucessão de erros de várias pessoas, vamos identificar quem são os responsáveis. Qualquer dona de casa sabe que um botijão deve ficar em local arejado, como é possível conceber que um proprietário de um restaurante não sabia que seus botjiões não estavam em um local arejado?", disse.

Os engenheiros Fábio Bruno Pinto e Manuel Jorge Dias, da Fábio Bruno Construções, empresa que comanda a retirada dos escombros do restaurante disseram que mais de 1 tonelada já foi retirada do local da explosão e os trabalhos devem terminar até esta quinta-feira (20).

O dono

O proprietário do restaurante Filé Carioca, prestou depoimento por quase quatro horas na tarde desta segunda-feira (17). Rogério Amaral deixou a delegacia por volta das 19h, cercado de jornalistas e escoltado por seis policiais até seu carro.

Ele não deu declarações à imprensa, mas o delegado do caso, Antônio Bonfim, afirmou que em depoimento, Amaral atribuiu a culpa do acidente --supostamente causada por um vazamento de gás-- à empresa SHV, que segundo ele, era responsável pela manutenção dos botijões do estabelecimento.

A explosão no restaurante ocorreu por volta das 7h de quinta-feira, matando três pessoas e ferindo outras 17. As vítimas foram Severino Antônio de Mendonça, 45, o cozinheiro-chefe do estabelecimento; Josimar Barros, 20, o sushiman, e um jovem de 19 anos identificado como Matheus Maio, universitário que trabalhava em uma agência do Bradesco nos arredores do local. Três feridos permanecem em estado grave.

"Um dos pontos mais importantes do depoimento foi que o dono do restaurante passou toda a responsabilidade da explosão para a prestadora de serviço. Toda a checagem sobre vazamento de gás e a troca dos botijões, de acordo com ele, eram de responsabilidade da SHV", disse Bonfim. A empresa deve ser chamada para depor. O UOL Notícias tentou contato com a empresa, mas ninguém atendeu os telefoneemas.

O delegado afirmou ainda que o dono do restaurante apresentou alguns documentos que comprovaram que a empresa esteve no restaurante no último dia 1º, por volta das 16h,  para fazer a troca do gás. O dono, ainda segundo o delegado, também garantiu que a SHV tinha exclusividade nesse tipo de serviço e que os cilindros de gás eram de propriedade da empresa e o restaurante apenas alugava os botijões.

No dia da explosão, o delegado já adiantou que o dono do restaurante deveria responder "no mínimo, por homicídio culposo".

Falta de fiscalização

Segundo laudo dos bombeiros emitido em 2010, o local era proibido de usar qualquer tipo de gás por falta de adequação em sua estrutura. Sobre a proibição, o dono do estabelecimento afirmou que desconhecia o laudo e que nunca recebeu fiscalização de nenhum órgão do governo.

No fim de semana, a polícia encontrou uma mangueira de gás danificada no restaurante. Peritos e bombeiros militares encontraram ainda seis botijões, um deles ainda vazando.

"Agora precisamos verificar se esse gás liberado foi capaz de causar a explosão", disse mais cedo o delegado.

O dono do restaurante confirmou que o gás ficava em um local sem ventilação e que existia apenas um exaustor na cozinha.
 

  • Arraste as setas para ver imagens que mostram como era o local antes e depois do acidente

*Com reportagem de Rodrigo Teixeira

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