"Se você quer morrer, fica", diz bombeiro a hóspede de prédio que explodiu no Rio
“Tentei tirar meu carro do estacionamento do hotel, era forte o cheiro de gás. Mas desisti quando um bombeiro disse: ‘Se você quer morrer, fica aqui’.” O relato é do empresário paulistano Fernando Alonso, 22, hóspede no hotel localizado no mesmo prédio em que o restaurante Filé Carioca explodiu, na área térrea, na manhã desta quinta-feira (13). Três pessoas morreram e outras 17 ficaram feridas.
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Alonso estava hospedado no décimo e último andar e contou que houve pânico entre hóspedes e funcionários do hotel durante a evacuação, além de um forte cheiro de gás já na garagem do edifício --localizado no número 9 da praça Tiradentes, um dos endereços mais tradicionais da capital fluminense.
O jovem disse ter acordado com o barulho da explosão. “Senti o prédio tremer; na hora, achei que um caminhão tivesse acertado em cheio o prédio. Só deu tempo de pegar o celular e sair fazendo imagens, havia uma fumaça subindo pelas janelas."
Na desocupação dos quartos, relatou, os próprios hóspedes saíram batendo uns nas portas dos outros dando o alerta de retirada. “O nosso andar foi o único em que o alarme de segurança não funcionou. Fomos avisando uns aos outros, apesar da gritaria; quando descemos, vimos que a recepção do hotel estava toda destruída. Do próprio restaurante [em que houve a explosão], a gente ouvia pessoas gritando por socorro”, lembra.
De acordo com o empresário, o prédio do hotel é geminado com o do restaurante --a cozinha de ambos, por exemplo, é separada por paredes. Com a explosão, se formou um grande vão entre elas. “Vi gente ferida, o corpo de uma pessoa e muita gente, incluindo funcionários do hotel, chorando”, relata.
Local do acidente
A explosão ocorreu em um prédio onde funciona, no térreo, o restaurante Filé Carioca, no número nove da praça Tiradentes, próximo à rua da Carioca, no Rio.
A explosão
Ao menos 17 pessoas ficaram feridas, sendo três em estado grave, e três morreram na explosão do edifício. Um vazamento de gás é apontado como a possível causa do acidente.
Os mortos, todos homens, são Matheus Maio Macedo, 19, Josimar Barros, 20, e Severino Antônio --cujo sobrenome e idade ainda não foram informados. Severino era o cozinheiro-chefe do restaurante e Josimar, sushiman.
Dezesseis feridos estão no hospital municipal Souza Aguiar, também no centro. Destes, seis já receberam alta. Os demais dez continuam internados: dois deles, com traumatismo craniano, passam por cirurgia; os outros tiveram ferimentos leves e estão em observação. O terceiro ferido com gravidade, uma mulher com traumatismo no abdômen, foi levada para o hospital Miguel Couto.
O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informou que as ruas da Carioca, Assembleia e Visconde de Rio Branco estão interditadas ao trânsito. Com isso, o trânsito está bastante complicado. Além de cerca de 40 bombeiros, equipes da Polícia Militar, da CET, Guarda Municipal e Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) também estão no local.
O Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), responsável pela perícia, disse que se manifestará sobre o acidente apenas no laudo. A previsão é de que o documento fique pronto em até 48 horas, segundo a Defesa Civil.
O prefeito Eduardo Paes, que foi ao local nesta manhã, também se esquivou de falar sobre as possíveis causas da explosão. "Vamos aguardar a análise da perícia para ver de fato o que ocorreu. Sei apenas que alguns feridos estão em estado grave, e que interditamos todo o quarteirão."
* Com informações de Rodrigo Teixeira e de Hanrrikson de Andrade, no Rio
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