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Mãe de adolescente diz que filho sofreu pressão em depoimento sobre desaparecimento de Eliza

Rayder Bragon<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Belo Horizonte

20/10/2010 20h48

Em mais uma audiência realizada nesta quarta-feira (20), em Minas Gerais, sobre o desaparecimento de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Souza, a mãe do adolescente J., primo do atleta que cumpre medida socioeducativa por acusação de envolvimento no caso, disse que seu filho sofreu pressão de policiais do Rio de Janeiro ao dar seu primeiro depoimento. Foi a fala do menor, que detalhou como teria ocorrido a suposta ação que terminou na morte da vítima, deflagrou as investigações sobre o desaparecimento de Eliza.

Simone Santos de Lisboa disse que seu filho teria apanhado durante o depoimento, mas não deu detalhes de como isso teria sido feito e qual seria a intenção dos agentes. Ela afirmou que teve acesso ao filho apenas 20 dias depois de ele ser apreendido pela polícia do Rio de Janeiro, na casa do goleiro, no Recreio dos Bandeirantes. Ela afirmou não saber ao certo onde o filho estaria e que ninguém a avisou sobre o paradeiro dele.

Ela ainda reclamou da ação de um “tio de consideração” do garoto – esse tio falou à Rádio Tupi, do RJ, e confirmou ter ouvido do adolescente a narrativa sobre o assassinato de Eliza. Lisboa ainda criticou a sua ausência durante depoimentos prestados por ele a policiais mineiros.

O menor deu detalhes de como toda a ação teria acontecido, desde o sequestro de Eliza no Rio de Janeiro até sua morte em um sítio de Minas Gerais, mas ele mudou sua versão mais tarde.

Hoje foram ouvidas oito testemunhas, sendo que, das 22 previstas, 13 compareceram, cinco foram dispensadas e uma prestou depoimento em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, segundo a assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Nesta quinta-feira (21), serão retomados depoimentos na cidade de Vespasiano, onde está previsto o interrogatório de quatro testemunhas de defesa de Bola e uma de Dayanne de Souza, ex-mulher do goleiro e que também está presa em penitenciária feminina de Belo Horizonte sob acusação de envolvimento no caso.

Outra testemunha de defesa ouvida nesta quarta-feira (20) descreveu o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, apontado pela Polícia Civil como executor de Eliza, como uma pessoa tranquila e que “não tem fama de matador”.

"Querido" no meio policial
O policial civil Vander Tavares Gomes disse ter conhecido o réu há vinte anos e descreveu como “excelente caráter e que não tem fama de matador”. Ele ainda afirmou ter ficado “perplexo” ao saber pela imprensa da acusação contra Santos e que ele era muito “querido” no meio policial.

Para o capitão da Polícia Militar de Minas Gerais Glauco Ferreira Marcolino, Bola sempre foi “um grande amigo” e disse ter lamentado que a família dele esteja passando por dificuldade financeira, após sua prisão. Ele ressaltou que os cães da raça rottweiler, que teriam comido partes do corpo de Eliza, “eram muito dóceis” e a neta do réu constantemente brincava com eles.

Ele ainda reclamou que a casa do amigo, em Vespasiano (MG) e apontada pela polícia como local onde a vítima foi executada, ter sido palco de buscas que resultaram na degradação do local. Segundo ele, o esgoto da moradia foi afetado e “exala um cheiro horrível”.

A mulher dele, a escrivã da Polícia Civil Edilene Marcolino Gomes Ferreira, disse não ter conhecimento da participação de Bola em homicídios e milícias.