Agora acessíveis à população, estatísticas de São Paulo mostram que Santa Efigênia tem cerca de 8 roubos diários

A Secretaria de Segurança de São Paulo divulgou nesta sexta-feira (15), pela primeira vez, informações mensais, detalhadas por cidades e distritos policiais, sobre a criminalidade no Estado. Até então, as estatísticas eram divulgadas trimestralmente e de forma genérica. Os dados específicos estavam restritos às autoridades policiais.

Com base nas informações, o UOL Notícias fez uma tabulação comparando os índices de criminalidade entre os Distritos Policiais (DPs) da região central da cidade de São Paulo. Constatou que o bairro de Santa Efigênia foi o campeão em números de roubos e flagrantes de tráfico de drogas nos três primeiros meses deste ano.

A localidade tida como o reduto nacional do comércio eletroeletrônico teve 769 registros de roubo e 38 boletins de ocorrência elaborados por tráfico de drogas entre janeiro, fevereiro e março. Foram, em média, 8,5 roubos por dia.

O distrito policial da Sé aparece como segundo colocado em número de roubos, com 666 ocorrências. Entre os registros de comercialização de entorpecentes, o segundo lugar fica com Santa Cecília, com 28 boletins de ocorrência registrados.

Estupro e lesões no trânsito

Ao analisar os dados sobre estupros, é possível concluir que, nos três primeiros meses de 2011, o distrito policial da Liberdade lidera o ranking de casos. Foram cinco, contra três na Sé, e dois em Santa Cecília e Cambuci.

O número de feridos em acidentes de carro --as chamadas lesões corporais culposas (sem intenção) por acidente de trânsito-- foi maior no DP da Sé, com 106 registros. Logo abaixo, aparecem o Cambuci, com 100, seguido de Consolação (70) e Liberdade (61).

Os homicídios dolosos, quando o assassino tem a intenção de matar, apresentam números baixos entre os DPs pesquisados. No total, na região central, foram 15 casos entre janeiro, fevereiro e março. O distrito policial da Sé aparece com cinco casos, seguido do DP da Consolação (3) e Santa Efigênia e Liberdade, ambos DPs com dois casos.

Tecnicamente, são oito os distritos que formam a região central da cidade: Sé, Bom Retiro, Consolação, Cambuci, Liberdade, República, Santa Cecília e Bela Vista. O DP Paulista (78º) foi incluso no levantamento por ser responsável apenas por uma parte da área pesquisada.

Polêmica

A discussão sobre a liberação para a sociedade dos indicadores mensais de criminalidade por DP's começou neste ano, após uma reportagem da "Folha de S. Paulo" mostrar que o sociólogo Túlio Kahn, que chefiava a Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP) da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, vendia serviços de consultoria nos quais colocava à disposição de empresas dados sigilosos sobre a violência no Estado.

Após a reportagem, o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), afastou Kahn do cargo. Dias depois, um vídeo divulgado na internet mostrava que o autor da reportagem havia se encontrado, pouco antes da publicação do texto, com o secretário Antônio Ferreira Pinto.

A divulgação das imagens do chefe da pasta da Segurança foi encarada pela cúpula da polícia como espionagem. No dia 14 de março, o diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) e ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marco Antônio Desgualdo, foi afastado do cargo, por suspeita de participação no vazamento do vídeo.

No dia 23 de março, após toda a polêmica, Alckmin participou de evento público em que anunciou que iria abrir as estatísticas à população, prometendo a novidade para o dia 15 de abril.