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Tumulto marca abertura da estação Pinheiros do metrô; Alckmin diz que é "solidário" às vítimas da cratera

Janaina Garcia<br> Do UOL Notícias

Em São Paulo

16/05/2011 10h12Atualizada em 16/05/2011 13h14

O clima tenso, marcado por confusão e gritos dirigidos ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), deu o tom nesta segunda-feira (16) à inauguração da estação Pinheiros da linha 4-amarela do metrô de São Paulo. "Desumano" e "Não vai ser presidente nunca" foram algumas das palavras dita por parentes das vítimas do acidente que, em janeiro 2007, matou sete pessoas nas obras da nova estação. Além de Alckmin, o ex-governador José Serra (PSDB), que estava presente, também foi alvo do grupo.

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A inauguração aconteceu pouco depois das 10h, atrasada por uma confusão na qual os manifestantes foram impedidos de entrar, junto com a comitiva oficial e a imprensa, por funcionários da concessionária ViaQuatro. Alguns conseguiram furar o bloqueio e seguiram até a estação Faria Lima, onde a coletiva de imprensa do governador foi sufocada, em parte, pelos gritos dos parentes das vítimas.

A dona de casa Joseni Ferreira Araújo, 46, reclamou que, até hoje, a família dela não foi indenizada pela morte do sobrinho Wescley Adriano, 22, um dos sete mortos na cratera de 2007. O jovem era o cobrador da van que caiu na obra. "Os pais dele estão em depressão, não trabalham mais e até hoje não tiveram sequer apoio psicológico do Estado". 

Junto com os parentes, o Sindicato dos Metroviários do Estado de São Paulo também levantou faixas e cartazes de protestos contra o modelo de PPPs (parcerias público-privadas) como o executado entre o governo com a Via Quatro. "Este é um belo negócio para as concessionárias, mas não tem comprometimento com o que é público. É um modelo de contrato no qual a fiscalização é falha e no qual, após 30 anos, a manutenção dos trens fica a cargo do Estado --curioso que essa é justamente a vida média do equipamento metroviário", criticou o vice-presidente do sindicato, Sérgio Magalhães. A entidade já havia feito um protesto semelhante no último dia 28 de março durante a inauguração da estação Butantã.

"Solidariedade", integração com CPTM e estações Luz e República

Em rápida coletiva, Alckmin limitou-se a dizer que o Estado "é solidário" às vítimas e encerrou rapidamente o assunto. “Nosso sentimento de solidariedade. Eu estava fora do governo (em 2007) há praticamente um ano, mas é muito triste. A apuração rigorosa está sendo feita, e quem pagou todas as indenizações foi o consórcio”, resumiu.

Sobre a nova estação, ele prometeu para o próximo dia 2 a integração da estação Pinheiros com a linha 9-Esmeralda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e também a entrega das estações Luz e República para outubro, em vez de dezembro. Com elas, fica concluída a primeira fase da construção da linha 4. Uma vez realizada a integração, a previsão é que cerca de 240 mil passageiros usem a linha amarela diariamente. Atualmente, a demanda com a abertura de Pinheiros deverá expandir de 50 mil usuários/dia para 80 mil passageiros diários.

Já a respeito a da expansão do horário da linha 4 para até meia-noite --hoje ela opera apenas entre 4h40 e 15h --, o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, definiu que ela será feita cerca de duas semanas após a integração de Pinheiros com a CPTM.

A nova estação foi iniciada em novembro de 2005 e é a quarta da linha amarela, inaugurada em maio do ano passado com as estações Paulista e Faria Lima e operada pela concessionária ViaQuatro. Em 28 de março deste ano, a estação Butantã ficou pronta depois de seis anos de espera dos moradores da região.

Fluxograma da linha 4

As demais estações que compõem o desenho da linha-4, previstas na segunda fase da obra, são a Fradique Coutinho, Oscar Freire, Higienópolis-Mackenzie, São Paulo-Morumbi e Vila Sônia. A promessa de entrega é para até 2014. Ainda sob licitação, uma terceira fase terá paradas no Jardim Jussara e em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.

Insuficiente

Em março, na inauguração da estação Butantã, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, admitiu que a capital precisaria de “no mínimo, o dobro” dos atuais 70,9 km da malha metroviária para suportar a demanda.

"A linha 4 é a da integração, e dentro do conceito de transporte metropolitano queremos fazer uma PPP para estendê-la, a partir da futura estação Vila Sônia, até o município de Taboão da Serra; à parte disso, estudamos parceria com a Prefeitura de São Paulo para que a linha 2-verde, em Vila Prudente, chegue até Cidade Tiradentes", afirmou o governador, na ocasião.

No evento de inauguração da Butantã, o governador e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), ainda foram recepcionados por um grupo de manifestantes formado por sindicalistas, estudantes e trabalhadores de transportes públicos. Eles protestaram contra os preços das tarifas --R$2,90 a do metrô, e R$ 3 a do ônibus- -e contra a realização de PPPs em obras do metrô de São Paulo, como a que foi realizada na linha amarela.

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