Poder público não vai interferir na investigação sobre golpe, diz Randolfe
Não haverá interferência do poder público na Justiça e a democracia será a maior resposta àqueles que atentaram contra o estado de direito brasileiro, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) no UOL News desta quinta (21). Segundo o líder do governo no Congresso, o que se tramou no Brasil é muito mais do que uma tentativa de golpe de Estado.
Não há precedentes na história do país de uma circunstância tal qual essa. Até então, até a última terça-feira, estávamos falando de tentativa de golpe de Estado. Veja o grau de evolução em matéria de crime aonde chegamos: nós estamos falando agora de tentativa de golpe de Estado combinado com terrorismo de Estado.
Randolfe Rodrigues
O senador afirmou que esse processo deixa um grande teste para a democracia brasileira.
O que ocorreu na última terça foi a prisão de um general de Exército. Isso não ocorre desde a Proclamação da República, em 1889. Na história republicana nossa, os generais mandam prender presidente da República.
Nós, agora, colocamos na prisão um general por tentar matar o presidente da República e o vice-presidente da República eleito.
Randolfe Rodrigues
O senador refutou a ideia de uma polarização no Brasil.
Fala-se muito em polarização. Não há polarização, não se argumenta sobre polarização, quando na mesma semana tem um presidente que reúne 50 líderes do mundo para acabar com a fome no mundo.
E do outro lado tem um grupo de milicianos que tentou corromper a democracia brasileira e praticou atos de terrorismo de estado. Isso não é polarização. Isso é o enfrentamento entre a barbárie e a civilização.
Randolfe Rodrigues (PT-AP)
Ele relatou que o presidente Lula (PT) tem sido comedido sobre o assunto para não haver nenhuma conotação de interferência do governo nas investigações.
Os adversários do presidente Lula e aqueles que tentaram matá-lo podem ficar tranquilos de uma coisa: não haverá interferência do poder público na Justiça. O juiz que vai investigar os responsáveis por tentar matar o presidente da República não será nomeado pelo presidente da República posteriormente como ministro da Justiça do seu governo.
Àqueles que tentaram atentar contra o estado democrático de direito, a única resposta é dentro daquilo que eles tentaram corromper, que é a democracia.
Randolfe Rodrigues
Relatório contém 884 páginas
No relatório da investigação de 884 páginas, enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), a PF apontou quais crimes os investigados teriam praticado a partir do conjunto de elementos reunidos ao longo da investigação.
As investigações apontaram que os indiciados se estruturaram por divisão de tarefas. Isso teria permitido a "individualização das condutas e a constatação da existência de grupos", segundo a PF.
Entre os grupos está o de desinformação e ataques ao sistema eleitoral e outro responsável por "incitar militares a aderirem golpe de Estado". Há também o núcleo jurídico, o operacional de apoio às ações golpistas, núcleo de inteligência paralela e núcleo operacional para cumprimento de medidas coercitivas.
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- Bernardo Romao Correa Netto
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
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