Internautas usam poesia para apoiar delegado que escreveu relatório em versos
Internautas recorreram às rimas para comentar o caso do delegado que registrou um crime em forma de poesia em Brasília. Em comentários feitos pelo público na página do UOL Notícias na rede social Facebook, vários leitores defenderam a atitude do delegado Reinaldo Lobo e também utilizaram textos poéticos para expressar a opinião.
"Não vejo nada demais. Com certeza ele é um poeta frustrado que resolveu ser delegado porque paga mais", escreveu o internauta Elivan Souza (veja reprodução abaixo).
"Admiro o delegado/que com tanta precisão/e sem deixar desagrado/realizou a prisão/do meliante folgado", escreveu Larissa Almeida.
Veja abaixo mais comentários "poéticos" dos internautas:
A "ousadia" do delegado incomodou a Corregedoria da Polícia, que devolveu o texto ao autor, pedindo termos mais tradicionais. "A ideia era mostrar que o delegado trabalha próximo das pessoas e carrega sentimentos", disse Lobo ao UOL Notícias. "Achei que era um texto adequado até porque não existe nenhuma norma que me impeça de escrever como escrevi." O delegado usou versos para informar que o detido na região de Riacho Fundo, a cerca de 20 km de Brasília, tinha ficha corrida e estava em uma moto roubada. “Todas as informações que eram necessárias estavam lá. A contestação é só sobre o formato”, afirmou.
Delegado diz que queria chamar atenção
No pequeno poema, pode-se ler: "O preso pediu desculpa/disse que não tinha culpa/pois estava só na garupa/foi checada a situação/ele é mesmo sem noção/estava preso na domiciliar/não conseguiu mais se explicar".
“Queria chamar a atenção para a violência na nossa região. As pessoas estão acostumadas com um formato de texto para relatar crimes e isso é só uma questão de hábito. Não discutiram o mérito e o mérito é que não fiz nada de errado no texto”, alegou Lobo.
Foi a primeira vez que o delegado escreveu um relatório em forma de poesia. “Se me impedirem de fazer outro, o que posso fazer?”, lamentou.
Confira a íntegra do relatório-poético:
Já era quase madrugada
Neste querido Riacho Fundo
Cidade muito amada
Que arranca elogios de todo mundo
O plantão estava tranqüilo
Até que de longe se escuta um zunido
E todos passam a esperar
A chegada da Polícia Militar
Logo surge a viatura
Desce um policial fardado
Que sem nenhuma frescura
Traz preso um sujeito folgado
Procura pela Autoridade
Narra a ele a sua verdade
Que o prendeu sem piedade
Pois sem nenhuma autorização
Pelas ruas ermas todo tranquilão
Estava em uma motocicleta com restrição
A Autoridade desconfiada
Já iniciou o seu sermão
Mostrou ao preso a papelada
Que a sua ficha era do cão
Ia checar sua situação
O preso pediu desculpa
Disse que não tinha culpa
Pois só estava na garupa
Foi checada a situação
Ele é mesmo sem noção
Estava preso na domiciliar
Não conseguiu mais se explicar
A motocicleta era roubada
A sua boa fé era furada
Se na garupa ou no volante
Sei que fiz esse flagrante
Desse cara petulante
Que no crime não é estreante
Foi lavrado o flagrante
Pelo crime de receptação
Pois só com a polícia atuante
Protegeremos a população
A fiança foi fixada
E claro não foi paga
E enquanto não vier a cutucada
Manteremos assim preso qualquer pessoa má afamada
Já hoje aqui esteve pra testemunhá
A vítima, meu quase chará
Cuja felicidade do seu gargalho
Nos fez compensar todo o trabalho
As diligências foram concluídas
O inquérito me vem pra relatar
Mas como nesta satélite acabamos de chegar
E não trouxemos os modelos pra usar
Resta-nos apenas inovar
Resolvi fazê-lo em poesia
Pois carrego no peito a magia
De quem ama a fantasia
De lutar pela Paz ou contra qualquer covardia
Assim seguimos em mais um plantão
Esperando a próxima situação
De terno, distintivo, pistola e caneta na mão
No cumprimento da fé de nossa missão
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