Vigilância Sanitária começa a incinerar restos hospitalares apreendidos em Pernambuco
Cerca de 50 toneladas de restos hospitalares dos EUA apreendidos em três galpões da empresa Império do Forro de Bolso começaram a ser incinerados nesta quarta-feira (25) em Recife. O material foi apreendido pela Apevisa (Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária), em outubro de 2011, nos municípios de Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru, todos no agreste de Pernambuco.
Uma empresa especializada em destinação final de lixo hospitalar, localizada em Recife (PE), recebeu as duas primeiras toneladas do material apreendido nos galpões. Segundo a Apevisa, o material é similar ao encontrado em dois contêineres que foram interceptados no porto de Suape, em Ipojuca. O serviço já foi iniciado e deverá durar aproximadamente 10 dias.
O gerente da Apevisa, Jaime Brito, disse ao UOL que não sabe quanto será cobrado pela incineração do material, nem quem arcará com os custos. “Estimamos que são 50 toneladas, mas pode ser até um pouco mais. À medida em que estamos transportando o material apreendido é que fazemos a pesagem. Acreditamos que o custo total será entorno de R$ 30 mil”, completou, destacando que o governo está analisando de quem é a responsabilidade sobre o pagamento da incineração.
“Mandamos fazer a incineração, mas ainda não sabemos quem vai pagar, mas provavelmente será a empresa que importou irregularmente o material”, disse Brito.
O gerente informou que, devido à grande quantidade de material apreendido, os tecidos de hospitais dos EUA que seriam usados como matéria-prima pela Império do Forro de Bolso estão sendo transportados aos poucos por um caminhão da Secretaria de Estado da Saúde.
O caso
O carregamento de restos e lixo hospitalares importado foi descoberto depois que a Receita Federal suspeitou que o valor declarado do material não era compatível com o cobrado no mercado. Quando os fiscais da alfândega do porto de Suape, em Ipojuca (PE), abriram os dois contêineres, depararam com tecidos sujos contendo logomarcas de hospitais dos Estados Unidos. A carga teria destino à cidade de Santa Cruz do Capibaribe, localizada no polo de confecções do agreste de Pernambuco.
Depois da descoberta em Suape, agentes da Apevisa inspecionaram os galpões da Império do Forro de Bolso e detectaram que os materiais armazenados eram similares ao encontrado no porto.
Os contêineres ficaram retidos por três meses até que o governo brasileiro entrou em entendimento com autoridades norte-americanas para a devolução do material. No último domingo (22), os contêineres seguiram viagem no navio Cap Irene, da Libéria, de volta para o porto de Charleston, no Estado da Carolina do Sul (EUA). A previsão é que a carga chegue aos EUA no início de fevereiro.
A Império do Forro de Bolso é acusada de importar para Pernambuco restos hospitalares –como lençóis, batas, roupas, toalhas, fronhas e até jalecos médicos descartados por hospitais dos Estados Unidos e entregues para destinação final à empresa norte-americana Texport. O material seria usado na fabricação de forros de bolso.
A Apevisa interditou os contêineres e galpões da Império do Forro de Bolso e colheu amostras dos tecidos para análise. O IC (Instituto de Criminalística) de Pernambuco encontrou nas manchas restos de sangue e fungos.
O proprietário da Império do Forro de Bolso, Altair Teixeira, defende-se da acusação alegando que importou tecidos de algodão com defeito e que o material enviado não foi o descrito em contrato com a empresa Texport. Segundo o advogado aduaneiro Gilberto Lima, a empresa norte-americana deverá ser processada por “quebra de contrato”, e Teixeira vai pedir uma indenização milionária pelos danos materiais e morais causados com a descoberta do envio do material errado.
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