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Vítima identificada hoje falava com marido no MSN quando prédio desabou no Rio

Do UOL*, no Rio

27/01/2012 17h31Atualizada em 27/01/2012 18h06

Duas mulheres vítimas do desabamento de três prédios no centro do Rio foram identificadas nesta sexta-feira (27) pelas equipes do Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro: Alessandra Alves Lima, 29, e Elenice Consani Quedas, 64. Outras quatro vítimas já tinham sido identificadas na quinta-feira: Celso Renato Braga Cabral, 44, Nilson de Assunção Ferreira, 50, Cornélio Ribeiro Lopes, 73, o porteiro de um dos edifícios, e sua mulher, Margarida Vieira de Carvalho, 65.

Na noite de quarta-feira (25), quando os prédios vieram abaixo, o marido de Alessandra Alves Lima, Victor Lima, foi filmado pela TV Globo. Ele procurava, desesperado, pela mulher.


“Eu estava com ela no MSN aí caiu. Eu liguei para ela e ninguém atendia, não consegui mais falar com ela. Eu vi a notícia e vim pra cá correndo. Ela não tinha saído, ela não se despediu, não falou nada, foi muito rápido”, disse. Alessandra era funcionária de uma empresa de informática instalada no edifício.

As famílias estão sendo atendidas em uma área reservada do IML e a reportagem do UOL não teve acesso aos parentes das vítimas.

Nesta sexta-feira (27), a Defesa Civil afirma que não trabalha mais com a possibilidade de encontrar sobreviventes no desabamento. As buscas, entretanto, continuam.

As equipes de resgate chegaram ao que acreditam ser o local onde estaria a maioria dos desaparecidos. “Conseguimos finalmente chegar na parte onde achávamos que teria o maior número de corpos”, disse Simões, se referindo à sala onde funcionários de uma empresa estariam passando por um treinamento em informática no horário do acidente.

 

Estado de choque

A faxineira Mariana Nascimento, 25, que é afilhada do casal Cornélio Ribeiro Lopes e Margarida Vieira de Carvalho, esteve hoje no local do acidente e afirmou que ficou em estado de choque quando soube da tragédia.

Mariana já morou no edifício Liberdade --onde viviam seus padrinhos-- durante em curto período, em janeiro de 2003. Segundo ela, era possível observar rachaduras na parte externa do edifício, exatamente no vão que fica próximo ao prédio vizinho, que também desabou. “Existia uma lacuna entre os dois prédios e as rachaduras superficiais podiam ser observadas do lado de fora. O prédio vivia em obras”, relata.

Mariana conta que Cornélio era cearense e estava no Rio de Janeiro desde 1980. Ele morava no 20° andar e era zelador do prédio. Sua mulher prestava serviços em outro prédio da região.

  • Imagem de 18.jan.2011 (esquerda) mostra local dos prédios (em vermelho) que desabaram no centro do Rio de Janeiro no dia 26.jan.2012 (direita)

"Ela não queria faltar na aula"

Yokania Bastoni, 34, é uma das pessoas que participava de um curso de informática em um dos prédios que desabou e que ainda está desaparecida. “Ela faltou a semana passada inteira nesse curso e ela me disse que não deixaria de vir essa semana nem que fosse obrigada. Naquela noite [quarta-feira, 25] ela não chegou em casa e ninguém conseguiu falar com ela pelo celular. Aí a gente começou a vasculhar suas coisas e vimos que o curso era exatamente nesse horário, aqui no prédio", afirma Gelson Marcolino, 39, que se identificou como amigo da vítima.

"Ela conseguiu um emprego [na empresa TO Tecnologia Organizacional, dona dos andares que passavam por reforma e que são suspeitos de terem causado o desabamento] no meio do ano passado. Era uma das felicidades delas porque ela tinha perdido o pai e estava desempregada”, completou. “Estou muito triste, estou à espera de um milagre”, relatou. Segundo ele, a mãe de Yokania, que mora em Minas Gerais, veio ao Rio de Janeiro acompanhar os trabalhos de resgate.


*Com informações de Fabíola Ortiz, Hanrrikson de Andrade e Rodrigo Teixeira