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Polícia Civil do Rio aprova indicativo de greve; paralisação é "inevitável", dizem lideranças

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

09/02/2012 11h14

O Sindicato dos Policiais Civis do Rio de Janeiro (Sindpol) aprovou um indicativo de greve em sua última assembleia antes da mobilização conjunta com policiais militares, bombeiros e agentes penitenciários. A paralisação será confirmada nesta quinta-feira (9) em um grande encontro das entidades de classe da segurança pública, na Cinelândia, no centro do Rio.

"O governo não sabe lidar com a polícia em greve. E nós sabemos que o Rio de Janeiro vai entrar em greve, a segurança pública do Rio vai entrar em greve", afirmou uma das lideranças, identificado apenas como Oliveira --que esteve na Bahia para observar a estrutura funcional da greve dos PMs naquele Estado.

"A greve se tornou um caminho inevitável, já que o governo do Estado não consultou a categoria para perguntar se a proposta que nos foi apresentada era boa ou ruim. (...) A nossa onda é a greve. (...) Mas a gente não vai tacar fogo em ônibus. Isso é justamente o que o Estado quer para desqualificar a nossa luta", disse o presidente do Sindpol, Carlos Gadelha.

Os deputados estaduais da Alerj (Assembleia Legislativa) votam na manhã desta quinta-feira (9) uma proposta de antecipação de reajuste salarial encaminhada pelo governo do Estado --esta ainda não é o suficiente para esvaziar o movimento.

Se o Executivo fluminense não ceder até a noite de hoje e negociar as principais reivindicações das categorias, em especial o plano de cargos e salários e piso salarial de R$ 3.500, o estado de greve será oficializado às 0h do dia 10 de fevereiro.

Na área da Polícia Civil, a orientação das lideranças é a de que apenas 30% do efetivo --formado por agentes em estado probatório-- fiquem na ativa para atender ocorrências emergenciais, tais como crimes em flagrante, remoção de cadáveres em casos de homicídio, entre outros. Os grevistas seguirão a cartilha da Cobrapol (Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis).

"90% das ocorrências não serão feitas", disse Gadelha. O presidente do sindicato enfatizou ainda que toda e qualquer ocorrência deverá ser encaminhada ao delegado de plantão.

"Só não pode é aparecer o FB [em referência à prisão de Fabiano Atanázio da Silva] na capa do jornal com a Polícia Civil em estado de greve", afirmou o diretor-jurídico do Sindpol, Francisco Chao, que já esteve à frente de uma paralisação da categoria em 2007.

"Os policiais que ficarem de plantão devem atender apenas situações emergenciais. Se aparecer uma mulher toda arrebentada na delegacia, por exemplo, o policial não pode deixar de enquadrar o marido na Lei Maria da Penha", completou Chao.

As ameaças de greve nas entidades de classe da segurança pública se intensificaram em vários Estados desde o início da greve dos policiais militares na Bahia, há dez dias, onde houve confronto entre PMs e militares do Exército chamados para reforçar a segurança.

Também já houve paralisações no Piauí, no Maranhão, no Ceará e em Rondônia. Outros seis Estados brasileiros, incluindo o Rio de Janeiro, podem parar em breve.