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Após assembleia, policiais militares da Bahia decidem pôr fim à greve iniciada há 12 dias

Heliana Frazão

Do UOL, em Salvador

11/02/2012 20h44Atualizada em 12/02/2012 07h31

Reunidos em assembleia no final da tarde desde sábado (11), a parte dos policiais militares que permanecia em greve na Bahia de decidiu pôr fim à paralisação iniciada ha 12 dias. Eles aceitaram a oferta do governo de pagamento das Gratificações por Atividade Policial (GAP) 4 e 5 de forma parcelada até o final de 2015, além de 6,5 % de reajuste oferecidos a todos os servidores.

Após mais de uma hora de reunião, o grupo de policiais decidiu acatar o pedido do Comando da corporação de retorno imediato às atividades, sob pena de responderem a inquérito administrativo e terem o ponto cortado, caso não retornassem. Os que ainda permaneciam parados estavam sendo interpretados apenas como um foco de resistência.

Segundo o líder dos policiais militares grevistas, Ivan Leite, o único avanço obtido foi a anistia administrativa. Ou seja, de acordo com ele, os policiais não terão cortes nos salários nem qualquer tipo de punição. Ainda segundo Leite, a garantia foi dada pelo comandante-geral da corporação, Alfredo Castro, em um encontro nesta tarde com líderes do movimento.

“Foi olho no olho”, disse Leite. Ele ainda acrescentou que o fim da paralisação foi uma decisão exclusiva da categoria, “porque o governo continua intransigente e nos trata muito mal”.

“O governo não merece esse nosso gesto. Voltamos pela população baiana, que estava sofrendo. As Forças Armadas não estão preparadas para esse tipo de policiamento,” afirmou, insistindo que a categoria continuará reivindicando os seus direitos. “Agora eles sabem que temos força”, assinalou.

Gravações mostram PMs combinando ações de vandalismo na Bahia

    A versão contradiz com a do comandante-geral da PM na Bahia, Alfredo Castro. Ele negou que tenha se reunido com as lideranças do movimento nesta tarde e que não haverá corte no ponto --ou seja, os dias de greve serão interpretados como falta ao serviço.

    Castro confirmou, no entanto, que "os focos de resistência foram todos debelados” e, a partir de agora, a população passa a contar com 100% do efetivo nas ruas. O comandante ainda informou que vai anunciar na próxima terça (14) o planejamento do Carnaval de Salvador, ocasião na qual confirmará se o Exército permanecerá ou não nas ruas. A abertura oficial do Carnaval em Salvador acontecerá na quinta (16).

    As prisões dos líderes grevistas não foram revogadas e o governo continua afirmando que não dará anistia aos grevistas envolvidos em atos de vandalismo.

    Assembleia

    Marcada inicialmente para as 14h, a assembleia começou às 19h, porque boa parte dos grevistas foi ao sepultamento de dois colegas mortos na noite de ontem em um acidente com a viatura, na BR-324, a caminho de Salvador.

    Durante todo o evento ouvia-se de fora do Ginásio de Esportes dos Bancários, no bairro dos Aflitos, na capital baiana, discursos inflamados e gritos de "ôôô a PM parou, a PM parou, a PM parouôô". Mas também admitiam que muitos já estavam voltando ao trabalho e não dava mais para segurar a greve. Com a inclinação pelo fim do movimento, pouco a pouco a reunião ia ficando esvaziada. Os policiais que deixavam o local demonstravam certa resignação com as conquistas obtidas.

    Ao final ouviu-se: "ô ô ô a PM voltou, a PM voltou,  a PM voltou".

    "O Carnaval está garantido", gritaram.

     

    Volta às aulas

    Diante do aparente clima de normalidade, a orientação passada pela Secretaria de Educação do Estado é a de que todos os alunos retornem às salas de aula. Apesar do inicio do ano letivo ter ocorrido na segunda-feira passada, parte das escolas não funcionou devido a ausência de alunos.

    Na rede particular, onde a volta às aulas foi adida devido à greve policial, as atividades recomeçarão na segunda-feira (13). Já nas escolas municipais, conforme nota divulgada pela Secretaria Municipal de Educação, o retorno dos alunos só deve ocorrer no dia 27, após o Carnaval.