Criticado, ministro agora diz que 6x1 é 'cruel' e pede rapidez em discussão
Após ser criticado por sugerir que o fim da escala 6x1 deve ser negociado em convenção e acordos coletivos entre empresas e funcionários, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho (PT), disse que a jornada é "cruel" e atinge principalmente as mulheres.
O que aconteceu
Marinho afirmou que o governo federal "tem grande simpatia" pelo tema e pediu rapidez no texto da PEC que propõe a extinção da escala 6x1. Ainda assim, o ministro manteve o discurso de que a redução de jornada de setores específicos da economia deve ser discutida em mesas de negociação.
O ministro disse ser "fácil compreender" a adesão de trabalhadores à proposta apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP). "Convenhamos, a jornada 6x1 é cruel. Pensa você trabalhar por um, dois, três, quatro, dez anos e ter um único dia de folga na semana. Imagina só como é cruel, em especial para as mulheres. Infelizmente, as mulheres assumem muito mais tarefas do que os homens", afirmou.
Ele defendeu, entretanto, que a implementação da redução seja feita em mesas de negociação com sindicatos de empregados e trabalhadores. "O trabalhador vai encontrar um formato que respeite a comissão necessária daquele setor econômico e, que ao mesmo tempo, garanta o direito dos trabalhadores", disse.
No início da semana, o ministro defendeu que o assunto deveria passar por uma discussão "aprofundada e detalhada". A declaração foi criticada nas redes sociais, inclusive pelo idealizador do projeto, o vereador eleito no Rio Rick Azevedo (PSOL).
O tema movimentou as redes sociais no fim de semana e ficou em primeiro lugar nos assuntos mais comentados pelos usuários do X (ex-Twitter). O movimento VAT (Vida Além do Trabalho), liderado por Azevedo, ultrapassou mais de 2 milhões de assinaturas em uma petição online em defesa da proposta.
A proposta foi vista por setores da esquerda como uma forma de se reaproximar da base. O apelo nas redes fez deputados do PT, por exemplo, assinarem a lista de apoio ao texto da PEC. Na quarta, a deputada conseguiu as 171 assinaturas necessárias para protocolar a proposta na Câmara.
O que diz o texto da PEC
PEC reduz de 44 horas para 36 horas por semana o limite máximo de horas semanais trabalhadas. Segundo Erika, o formato atual não permite ao trabalhador "estudar, se aperfeiçoar, se qualificar profissionalmente para mudar de carreira".
Número máximo de dias trabalhados por semana passaria a ser quatro. Hoje, a regra prevê que ninguém pode trabalhar mais que 8 horas por dia e 44 horas por semana — mas não proíbe que se trabalhe seis dias por semana, desde que não sejam ultrapassados os limites previstos. Quatro dias por semana com oito horas diárias soma 32 horas semanais, e não 36. A deputada não explicou a razão da divergência.
Pela proposta, salários não mudam. "A definição de valor salarial visa proteger o trabalhador de qualquer tentativa de redução indireta de remuneração", diz o texto.
Jornada de seis dias de trabalho e um de descanso ultrapassa o razoável, segundo a PEC. Qualidade de vida, saúde, bem-estar e relações familiares são alguns dos pontos citados pelo texto como prejudicados pelo formato atual.
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