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Cão-vigia de boca de fumo "entrega" dono à polícia e vira prova de acusação no Ceará

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

02/03/2012 12h22

Um cão vira-lata, pertencente a um acusado de tráfico de drogas, tornou-se a maior prova da polícia cearense de que drogas e dinheiro apreendidos em uma casa no município de Quixeramobim (218 km de Fortaleza). Após mostrar toda fidelidade, o animal se tornou mascote da delegacia e virou atração na cidade, que tem 71 mil habitantes e fica na região central do Ceará.

Durante operação da Polícia Militar na última quarta-feira (29), policiais vistoriaram uma casa, suspeita de ser boca-de-fumo. Ao chegarem ao local --informado por denúncia de moradores-- encontraram apenas um cachorro.

O acusado de ser o dono da "boca de fumo", Leandro Pinheiro da Silva, 21, conhecido como “Pite”, estava em frente à residência, mas, ao ser abordado pelos policiais, negou ser o dono da casa do material encontrado pela polícia --15 pedras de crack, 50 gramas de maconha e R$ 173 em dinheiro. O que o acusado não esperava era que o cão fosse demonstrar sua fidelidade a ele justamente no momento em que era interrogado pelos militares.

“O acusado estava na frente dessa casa da denúncia, que estava fechada. Como a denúncia era sobre esse Pitê, nós o abordamos e perguntamos se ele era o responsável por aquela casa e pela droga, mas ele negou. Só que percebemos que o cachorro estava com muita intimidade com ele, demonstrando até querer atenção, o que acabou 'entregando' o que já desconfiávamos, que ele era o dono daquela boca-de-fumo e que o cão era dele”, contou ao UOL o soldado Andrade, integrante do programa Ronda Quarteirão e que participou da operação.

Segundo Andrade, para não deixar o cão sozinho no local, os policiais resolveram levá-lo para a delegacia, onde passou a ser criado e virou o mascote. “Nós o batizamos de 'Dólar'. Não podíamos deixar o cão abandonado lá, já que o dono ia ser preso. O cão está com a gente e será adotado por um colega nosso, que vai levar o Dólar para a casa dele para criar”, disse Andrade.

Por conta do desfecho inusitado da operação, o cão virou atração na cidade e assunto na imprensa cearense. Dócil, Dolar se acostumou inclusive com as fotografias dos moradores e repórteres que o procuram. “Desde ontem (quarta 29) não param de ligar e de vir aqui. Já contamos essa história umas mil vezes”, informou o atendente da delegacia, que repassou o telefone de imediato para o soldado que participou da operação para passar "os detalhes".

E o suspeito?

Leandro Pinheiro da Silva, 21, foi autuado em flagrante e permanece preso na delegacia da cidade. Segundo a polícia, ele já tem condenação pelo mesmo crime –tráfico de drogas— e estava em liberdade por ter tido progressão de pena para o regime semiaberto. Pitê, como é conhecido, deve ser encaminhado em breve a um presídio do estado, onde ficará a disposição da Justiça.