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Polícia Federal indicia sete pessoas por desabamento de prédios no Rio

Julio Reis

Do UOL, no Rio

25/05/2012 12h42Atualizada em 25/05/2012 12h56

A Polícia Federal indiciou nesta sexta-feira (25) sete pessoas pelo desabamento do edifício Liberdade, no Rio, no dia 25 de janeiro deste ano. O prédio era o maior dos três que caíram no centro da capital fluminense deixando 17 mortos e cinco desaparecidos. O indiciamento foi por desabamento culposo qualificado com resultado de homicídio culposo. 

Entre os indiciados estão Sérgio Alves, sócio da empresa Tecnologia Organizacional (TO), Cristiane do Carmo Azevedo, gerente administrativa da TO e Paulo Renha, síndico do prédio, além de Vanderley Muniz, Gilberto Figueiredo, Alessandro da Silva e André Moraes, operários que executavam as obras da TO no 9° andar do Liberdade. Todos devem responder ainda por dano a bem tombado pela União, já que o Theatro Municipal acabou sendo afetado.

De acordo com o delegado Fábio Scliar, da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da PF, a obra realizada pela TO foi extremamente agressiva com a estrutura do prédio, alterando o curso causal dos acontecimentos.

“O prédio tinha um histórico de intervenções antecedentes é verdade, mas a natureza da obra realizada pela TO no 9° andar foi decisiva para que o prédio tenha desabado naquele momento. Foi a obra que causou o desabamento. Foram derrubadas cinco paredes estruturais de concreto armado, uma coluna e duas espécies de pilares”, disse o delegado.

Ainda segundo Scliar, os indiciados, no entanto, não podem responder por dolo (quando há intenção) porque assumiam de maneira “arrogante” que as obras não teriam maiores consequências. “Eles estavam indo ali sempre, colocando suas próprias vidas em risco porque assumiam que nada aconteceria”, afirmou.


Prisma de ventilação

Segundo a PF, baseado em depoimentos e perícia indireta, a derrubada de quatro paredes de concreto de um prisma de ventilação que começava justamente no 9° andar teria sido um das intervenções mais relevantes para que o prédio desabasse. Uma outra parede desse prisma já havia sido derrubada em 1959, para a construção de um puxadinho, onde foi criado uma copa no lugar.

O síndico do prédio e proprietário do 9° andar, Paulo Renha, no entanto, embora soubesse da obra antiga teria entregado um planta com um desenho alterado em 2001 para os órgãos competentes quando pretendia construir salas comerciais no lugar, por isso ele deve responder ainda por falsidade ideológica.

Segundo Scliar, Renha era conhecido por ser zeloso e saber detalhes do prédio e suas estruturas, e não tomou atitudes "suficientemente necessárias" para evitar a obra. “Não é só que o síndico tenha admitido que obra tenha começado sem avaliação de engenheiro responsável, é que ele tinha conhecimento suficiente para saber que a obra era agressiva. Ele frequentava o andar, embora negue, e deveria ter tomado uma atitude enérgica para embargar a obra”, disse o delegado.

A Polícia Federal afirmou que o inquérito já foi encaminhado para o Ministério Público e que pediu ainda a quebra do sigilo telefônico dos cinco desaparecidos no acidente para poder ter mais elementos para presumir, de fato, que eles foram vítimas dos desabamentos. Semanas antes, a PF havia informado que dois dos desaparecidos haviam sido identificados, mas a informação foi corrigida.

Veja o local onde desabaram os prédios no centro do Rio